O clima de São João já tomou conta de Cajazeiras. O tradicional Cajarriê abriu, neste domingo (8), oficialmente o calendário dos arrastões de samba junino de Salvador. Criado em 2014 pelos produtores culturais Marquinhos Fama e Jau Nascimento, o evento, considerado símbolo de resistência cultural, contou com a participação de cerca de 7 mil pessoas.
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Com um percurso de 1km, entre a Rótula da Feirinha e a Arena Pronaica, no Circuito Assis Valente, o Cajarriê reuniu 13 atrações, entre elas Simone Morena, Eduardinho Fora da Mídia, Samba de Tamanco, Bom Balanço, Samba Comunidade e as icônicas Sambadeiras de Cajazeiras, grupo formado por idosas do bairro que mantém viva a tradição do samba de roda. Além de música e cultura popular, o público aproveitou o trajeto com open bar de licor liberado.
Jau Nascimento, também integrante da banda Samba de Tamanco, relembrou os primeiros passos do evento: “Começamos com 100 pessoas, com a intenção de resgatar o samba junino em uma comunidade que nem conhecia a fundo essa tradição. Hoje temos 1.500 associados. É uma realização.”
O produtor Marquinhos Fama destacou a originalidade da festa: “O diferencial do Cajarriê é misturar o samba duro, samba de roda, forró, sertanejo, arrocha e pagodão. A cada ano, buscamos implementar algo novo. Este ano conseguimos incluir uma equipe de saúde móvel no trajeto, algo que sempre sonhei.”
Outro destaque foi o maestro Rayala, que vem de uma linhagem musical clássica, mas abraçou o samba popular. “Meu pai foi violinista da Orquestra Sinfônica da Bahia, mas sempre teve um viés popular. Aqui em Cajazeiras, há 11 anos, começamos com barro no pé. Hoje a gente vê a rua parar para viver o samba duro”, relatou.
Economia aquecida
Segundo os organizadores, o Cajarriê movimentou mais de R$ 100 mil na região. Vendedores ambulantes, salões de beleza, costureiras, barbearias e cordeiros sentiram o efeito direto do aumento na circulação de pessoas e de dinheiro. Para o ambulante Juvenal Marcelo Filho, 59 anos, que há dez anos trabalha na região, eventos como esse “são oportunidade de ouro. Eu espero vender muito”
Moradores de diferentes bairros da cidade também marcaram presença. Participando pela primeira vez do arrastão, Nayane Santos, 37, moradora da Liberdade, curtiu acompanhada de amigas e saiu encantada: “A energia, o samba, a galera é tudo maravilhoso! Vale a pena sair do bairro pra viver isso. Ninguém é daqui, mas todo mundo vem porque sabe que o melhor São João é aqui”, comemorou.
*Sob a supervisão da editora Kenna Martins
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