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Escola Olodum - 15/06/2024, 17:57 - Paola Pedro

Mestres celebram mistura de forró com samba-reggae e legado negro

Professores que ajudaram a concretizar o “Arraiádunzinho”, realizado neste sábado (15), falaram com exclusividade ao Massa!

Arraiá do Olodum ocorre neste sábado
Arraiá do Olodum ocorre neste sábado |  Foto: Denisse Salazar/AG. A TARDE

Parte da programação do São João em Salvador, o projeto “Arraiádunzinho” foi uma ótima opção para a criançada poder curtir os festejos juninos sem precisar sair da capital.

Realizado na tarde deste sábado (15), no Largo Quincas Berro d’Água, no Pelourinho, a programação contou com apresentações de dança e percussão, quadrilha e diversas brincadeiras típicas do período, sempre unindo a tradição de São João com as raízes ancestrais que guiam a Escola Olodum.

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Exaltando a importância do projeto social, a educadora de Dança Dora Lopes, de 40 anos, contou ao Portal Massa! que ver a realização do Arraiádunzinho é mais do que um objetivo profissional, e sim uma realização pessoal.

“É uma honra poder passar para essas crianças tudo o que eu aprendi com o meu mestre, que não está mais entre nós, Joaquim Lino, que foi o que o percussou disso tudo. Tanto da dança afro, como no samba reggae, eu costumo dizer que eu sou a primogênita dele e ele conseguiu passar todos os ensinamentos dele. Tanto que eu falo, minhas aulas são todas baseadas no método dele”, explicou a professora de Balé Afro.

Dora revelou que iniciou sua caminhada no Olodum aos 2 anos e com 9 já compunha a turma de dança na Escola. Hoje, professora de duas turmas - de crianças com idades entre 7 e 12 anos -, a educadora compartilhou com o Portal Massa! que vive uma sensação indescritível ao ver os pequenos terem a oportunidade de crescer desenvolvendo noções corporais, musicais e de identidade.

Arraiá do Olodum
Arraiá do Olodum | Foto: Denisse Salazar/AG. A TARDE

“Poder colocar na cabeça dessas crianças a importância da dança afro, do samba reggae, da arte, e que nós mulheres negras e homens pretos podemos ser o que queremos”, disse emocionada.

Sobre a realização de eventos como o “Arraiádunzinho”, Dora Lopes falou que seu sentimento enquanto professora e “cria” do projeto é de “missão cumprida”.

“A gente luta todos os dias, porque infelizmente para a gente achar patrocínios e parcerias para ONGs é um pouco difícil, principalmente de movimentos negros é um pouco mais difícil. Porém é um sentimento de gratidão, de missão cumprida, de felicidade, de alegria”, finalizou.

Essa também é a sensação de Geraldo Marques, de 34 anos, mestre de Percussão da Escola Olodum. O professor disse ao Portal Massa! que, para esse “Arraiádunzinho”, recebeu a missão de transformar o forró tradicional com os tambores do Olodum.

“O Arraiádunzinho é importante para mostrar que, por mais que as pessoas achem que são coisas totalmente diferentes, fazem parte da mesma raiz, nascem da nossa essência, da nossa ancestralidade. A gente está totalmente interligado com a ancestralidade, não tem nada distinto. No final de tudo é a África, né? E o início de tudo é a África também pra gente”

Seguindo a tradição de servir ao projeto que lhe acolheu, Geraldo contou a importância de poder transmitir os ensinamentos adquiridos ao longos dos anos.

“Ser ex-aluno é maravilhoso. Na verdade, o grande sentido de estar aqui é isso. Eu entrei [na Escola Olodum] com sete anos e hoje eu tenho 34. Então é muito tempo de experiência, de vivência, de viver com pessoas diferentes, direções diferentes”, disse ao Portal Massa!.

Arrariá do Olodum
Arrariá do Olodum | Foto: Denisse Salazar/AG. A TARDE

Geraldo Marques complementou ainda que a resistência de projetos como a Escola Olodum contribuem para que a cultura ancestral não se perca e, de maneira contrária, perpetue mesmo com as mudanças na sociedade. O professor acrescentou que ser um dos responsáveis pela continuidade do projeto social é gratificante e importantíssimo.

“Hoje eu estou como mestre e professor de percussão e poder passar toda essa experiência que eu vivi aqui é muito importante e tem muito valor, porque essa coisa de você nascer aqui e poder estar trabalhando aqui é uma coisa importante, pra nossa essência não se perder”, falou.

“Tudo aquilo que eu aprendi lá atrás, hoje eu ensino. Claro que a gente vive um momento diferente, o mundo evolui e a gente vive na evolução, mas a gente não esquece as nossas essências. Hoje eu estou aqui pra justamente não deixar se perder a essência, e depois de mim vem outros também: Olodum é isso: é transformação, mas não perdendo a sua essência”, finalizou o mestre de Percussão, que comandou a parte musical do Arraiádunzinho neste sábado (15).

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