Apoiada por deputados estaduais de oposição, independentes e até mesmo do bloco governista, a CPI do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) pode sair do papel e tomar o plenário da Casa nos próximos dias. Autor do pedido de investigação das invasões do grupo, o deputado bolsonarista Leandro de Jesus (PL) convocou uma coletiva de imprensa, nesta quarta-feira (12), para falar sobre sua proposição.
O parlamentar, que afirmou ser defensor da reforma agrária, repreendeu a onda de invasões em terras baianas, e disse ter informações de ações violentas do MST, que promove o 'Abril Vermelho' em todo o país. Ele pontuou que a preocupação não é apenas com os produtores rurais, mas também com famílias de dentro do próprio movimento que estariam sendo ameaçadas.
Leia mais
Adolfo sobe o tom contra invasões de terra: “É a minha posição”
“A nossa preocupação não é só com os produtores que estão sendo ameaçados por essas invasões. Dentro do próprio MST existem famílias que são subjugadas, ameaçadas. Nós temos crimes que ocorrem dentro do próprio movimento [...] Tem família de pequenos produtores que estão sendo atingidas por essas ameaças, invasões. Crianças e mulheres não são poupadas. Quem está por trás disso? Quem incentiva?”, questionou o parlamentar.
Nossa preocupação não é só com os produtores que estão sendo ameaçados
“Leandro de Jesus é contra a reforma agrária? Não. Tem que ter reforma agrária, as pessoas têm que ter acesso à terra para plantar, produzir, acesso ao incentivo, terra regularizada. O que a gente não concorda é com essas práticas violentas”, completou.
O deputado ainda apresentou uma lista com as 30 assinaturas para a abertura da CPI, e destacou que o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), Adolfo Menezes (PSD), garantiu que o pedido será analisado. Mais tarde, o próprio Adolfo confirmou que aguarda o parecer jurídico, e também se colocou contra a tática adotada pelo grupo sem terra.
“Estamos enfrentando fatos que estão assustando a sociedade baiana, os produtores. Essa CPI vem como um fato histórico aqui na Bahia. Nós conseguimos assinaturas mais do que suficientes. Precisávamos de 21 assinaturas, já passamos de 30 assinaturas físicas. No parlamento, no exercício da sua liberdade, há vontade de que essa CPI seja instalada. Por que esse movimento tem usado de tanta violência para invadir terras, ameaçar famílias, produtores em nosso estado? Estamos aqui observando uma clara ameaça quando o representante do MST, de maneira clara e sem qualquer receio, ele anuncia a prática desses crimes. Quando ele fala que o Brasil vai ser vermelho, que vai invadir sim todo o Brasil, não é um simples fato que ele está anunciando, mas são práticas criminosas [...] Não podemos normalizar isso”, afirmou o deputado, que ainda exaltou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e destacou as entregas de títulos de terra do governo antecessor de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“No governo Bolsonaro, nós tivemos o maior número de títulos de terra. O que está por trás desse movimento? Há como se resolver. Temos que buscar a solução, mas jamais podemos concordar com a violência que está sendo imprimida, e permitir que essa Casa perca a sua autonomia”, disse Leandro.
A decisão sobre a abertura ou arquivamento da CPI deve acontecer já na próxima semana.