Na manhã desta segunda-feira (21), o governador Jerônimo Rodrigues disse que a Polícia Civil segue três linhas de investigação sobre o assassinato da líder quilombola Bernadete Pacífico, morta a tiros na última quinta-feira (17). Jero também intimou o ministro da Casa Civil, Rui Costa, para acelerar a investigação da morte do filho da mãe de santo, ocorrida em 2017.
“Nós todos que conhecemos a mãe Detinha sabíamos da responsabilidade dela com os povos tradicionais, com os povos de terreiro. Ela foi sempre atuante, ajudando, foi inclusive secretária municipal de Simões Filho, da igualdade racial, então tinha uma vasta experiência. Temos três teses [sobre a morte] e uma delas é a [disputa] do território quilombola”, afirmou.
Leia também:
Governador fala em ‘prisão sem mortes’ após chacina no Subúrbio
“Temos um rol de opções”, larga Jero sobre candidato em Salvador
O governador ressaltou que apesar de ser apenas uma tese, o problema da disputa por terra existe e ele já acionou o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) para acelerar o processo de regularização daquele terreno.
“Não é só dele. Nós estamos falando de um conjunto de territórios quilombolas e indígenas que a gente precisa aproveitar. Ficamos seis anos, ao invés do governo passado ter enfrentado, dialogado, foi feito um acirramento, foi muito ruim e agora nós vamos ter que retomar uma pacificação desse diálogo para que as decisões tomadas diante do governo federal não sejam jogadas só para que a gente resolva isso. É responsabilidade nossa. Então mesmo possivelmente não acontecendo uma causa pelo território, nós entendemos que temos que enfrentar”, detacous Jerônimo.
Outra tese que está sendo investigada como possível motivação é a intolerância religiosa. De acordo com o governador, mãe Bernadete era “uma figura defensora dos povos de terreiro”, e apesar de ser apenas uma das linhas de investigação, nada pode ser confirmado ainda.
A terceira hipótese que está sendo investigada é a disputa de facções. Segundo Jerônimo, essa é uma das teses que a PC mais acredita que seja possível e, caso se confirme, irão se empenhar nela com uma parceria integrativa com o governo federal e a Polícia Federal.
“Desde quando soube, já determinei rigor na apuração. Me reuni na sexta, no sábado pela manhã eu fui diretamente à sede da polícia civil, reuni com a equipe, procurei entender, coloquei minha determinação, é claro que existem informações que nem a gente governador tem a informação porque é da inteligência. Mas eu pedi uma certa celeridade e com responsabilidade. Eu confio na Polícia Civil, confio no sistema nosso de investigação”, reforçou.
Jerônimo também aproveitou a presença do ex-governador e ministro da Casa Civil, rui Costa, para pedir ajuda no andamento das investigação sobre a morte de Binho, filho de Bernadete Pacífico. O assassinato completou seis anos e o processo, que está sob responsabilidade do governo federal, ficou parado durante todo esse tempo.
“Nós não vamos pressionar o governo federal de uma forma irresponsável. Nós vamos sentar juntos pra ver o que a nossa Polícia Civil pode ajudar e a gente poder desvendar. Mas nós estamos debruçados e com o sentimento muito forte ainda da perda de mãe Detinha”, finalizou.