
O investigador da Polícia Civil e sociólogo Kleber Rosa (Psol), quarto colocado na disputa pelo governo da Bahia nas eleições de outubro, comemorou o anúncio feito pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT) da licitação para a compra de câmeras que serão instaladas nas fardas de policiais militares. A medida fazia parte das promessas de ambos os candidatos durante a campanha.
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Jerônimo garante que policiais militares terão câmeras nas fardas
Em entrevista ao Portal Massa!, na tarde desta terça-feira (3), Kleber explicou a importância da adoção do equipamento para proteger não somente a população, mas também aos policiais. Segundo o sociólogo, o comunicado feito pelo novo governador durante a posse dos secretários pode representar uma mudança signiticativa na política de segurança pública executada pelo estado. O escolhido por Jerônimo para administrar a pasta é Marcelo Werner, delegado da Polícia Federal
"Eu defendi isso durante a campanha (instalação das câmeras), pautei a urgência do estado absorver essa política de monitoramento da ação policial através das câmeras. Obviamente isso termina protegendo o policial também, que muitas vezes utiliza do celular para flagrar situações de abusos contra os policiais, embora o objetivo principal seja sanar com a sangria, com a guerra, com essa mortalidade absurda gerada pela ação policial, fruto da política adotada pelo estado. Parabenizo Jerônimo por ter feito esse comunicado, reconhecer que a política adotada de segurança pública exige mudanças [...] esse reconhecimento é fundamental e sugere que podemos ter mudanças significativas na segurança pública da Bahia", disse kleber, que trouxe como exemplo o estado de São Paulo, que implantou a medida e conseguiu reduzir o número de homicídio fruto de ação da polícia.
"É um mecanismo já testado no estado de São Paulo e com resultados que mostram a importância dessa política, com a diminuição de óbitos gerados por ação policial. É necessário, fundamental, e é para parabenizar Jerônimo", completou.
O psolista ressaltou ainda que Jerônimo precisa ter um olhar especial para o auto de resistência (quando é justificada resistência da vítima morta em uma ação policial). De acordo com Kleber, as ocorrências não são mais investigadas pela Polícia Civil, o que é ilegal.
"Fundamental pensar em outras ações importantes. Tem um outro elemento que ele precisar dar resposta, que é em relação ao auto de resistência, uma soma de ações [...] o auto de resistência não é investigado pela Polícia Civil, isso é ilegal, e expressa uma blindagem dessa política de ação policial violenta. É necessário reverter isso com urgência. Essas questões respondem ao clamor popular", explicou.
Resistência
Questionado sobre uma possível rejeição dos PMs com a instalação do equipamento, Kleber Rosa afirmou que qualquer resistência deve ficar apenas na esfera da dificuldade de compreender a importância, sem qualquer movimento concreto.
"A resistência acontece. Existe uma tendência dos setores policiais de legitimarem essa política de violência adotada, acreditam que é uma forma de proteger o trabalho, a ação. Existe um sentimento consensuado, ainda que haja posições contrárias, de que os policiais precisam ser blindados na sua ação porque acham que essa ação violenta é natural da polícia. Então, acho que há resistência do ponto de vista de compreender a importância, mas não creio que haja qualquer tipo de resistência concreta com o objetivo de evitar ou qualquer tentativa de insurgir. Vai terminar sendo adotado, o governador tem uma força institucional", finalizou.