
O governador Jerônimo Rodrigues (PT) se reuniu nesta segunda-feira (4) com representantes da indústria baiana e o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, para articular medidas contra a nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos a centenas de produtos brasileiros, muitos deles com forte presença na pauta de exportações da Bahia.
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O encontro, realizado na sede da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), em Salvador, contou com a presença do presidente da entidade, Carlos Henrique Passos, e de lideranças empresariais dos principais polos industriais do estado. Alckmin participou remotamente, como ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Durante a reunião, foi reforçada a necessidade de retirar produtos baianos da lista de taxação, como já ocorreu com quase 700 itens brasileiros. Os participantes também defenderam que o Governo Federal ofereça crédito especial e devolução de ICMS a setores que correm o risco de paralisar atividades.
Segundo o governador Jerônimo, um documento com propostas foi entregue à equipe de Alckmin. "O Governo Federal ainda avalia a retirada de outros produtos, e vamos continuar atuando para que itens que impactam a Bahia sejam excluídos da lista", afirmou.
Entre os itens baianos mais afetados estão celulose, derivados do cacau e pneus. No primeiro semestre de 2025, a Bahia exportou mais de US$ 45 milhões em manteiga, gordura e óleo de cacau apenas para os Estados Unidos. As exportações para o país representam hoje 8,3% do total exportado pelo estado.
Medidas de grande impacto
A nova política tarifária foi oficializada na semana passada por meio de decreto do presidente americano Donald Trump e passa a valer nesta quarta-feira (6). A estimativa da FIEB é que 332 dos 389 produtos baianos exportados estejam sujeitos à sobretaxa, o que representa impacto em 81% da pauta industrial do estado.
A entidade calcula prejuízos de até R$ 1,3 bilhão à economia da Bahia, o equivalente a 0,27% do PIB estadual, com riscos diretos para polos industriais em Camaçari, Candeias, Campo Formoso, Feira de Santana, Ilhéus, Jequié, Itapetinga, Vitória da Conquista, Eunápolis, Brumado, Maracás e outras cidades onde os setores industriais empregam cerca de 211 mil trabalhadores.

O vice-presidente Geraldo Alckmin reconheceu a gravidade do impacto e destacou que o Governo Federal está em diálogo com o setor produtivo. Segundo ele, o presidente Lula deve anunciar, nos próximos dias, medidas de apoio às empresas afetadas pela tarifa.
Carlos Henrique Passos, presidente da FIEB, enfatizou que é preciso unir esforços entre o setor privado, o Governo do Estado e o Governo Federal para evitar perdas maiores. “Estamos atuando em duas frentes: a diplomática, com a negociação da retirada de produtos, e a econômica, para mitigar os efeitos com apoio direto às empresas. Precisamos construir uma agenda contínua para enfrentar desafios como esse e proteger a nossa economia", disse.
Essa foi a segunda reunião entre o Governo da Bahia e a FIEB sobre o tema. Um grupo de trabalho já está em atividade desde o mês passado com o objetivo de formular respostas concretas ao chamado "tarifaço" americano.