O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contribuiu para a criação do ambiente de tensão política no Brasil. Essa é a avaliação do deputado federal Zé Neto (PT), em conversa com o Portal MASSA!, logo após o canal CNN Brasil divulgar uma conversa de teor golpista entre o ex-major Ailton Barros e o ex-executor de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, na tarde desta quinta-feira (4).
Zé Neto elencou alguns comportamentos de Bolsonaro que podem ter colaborado no processo de desestabilização da democracia, como os constantes ataques e falas contra as instituições, contra a Justiça, e até mesmo contra o parlamento brasileiro. Ainda de acordo com o petista, a postura do então presidente, o primeiro a não conquistar a reeleição, culminou na tentativa de levante golpista protagonizada por seus apoiadores no dia 8 de janeiro.
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“Eu acho que desde o primeiro momento em que [Bolsonaro] virou presidente ele passou a tentar diminuir o estado brasileiro e atacar as instituições. Isso contribuiu muito para criar um clima de animosidade grande, que culminou no ‘dia 8 de janeiro’. Esses vazamentos mostram uma situação que pode fazer uma ligação mais direta dele com os atos golpistas. As atitudes tomadas no curso do seu governo mostram claramente um desrespeito ao TSE, ao Supremo (STF), ao próprio parlamento, que ele não avançou porque se viu acuado, e eu acho que as coisas vão ficando claras”, disparou o deputado.
Desde o primeiro momento em que [Bolsonaro] virou presidente ele passou a tentar diminuir o estado brasileiro e atacar as instituições
Zé Neto disse ainda que as investigações atuais apontam o quanto Bolsonaro é responsável pela fragilização da democracia.
“As investigações mostram o quanto ele contribuiu para esse clima absurdo que a gente vive de narrativas falsas, de ódio, de desmoralização do Brasil a nível internacional, desmonte do estado brasileiro e do serviço público, e que sem nenhuma dúvida impulsionou essa tentativa de golpe no dia 8 de janeiro”, finalizou o petista.
As atitudes tomadas no curso do seu governo mostram claramente um desrespeito ao TSE, ao Supremo, ao próprio parlamento, que ele não avançou porque se viu acuado, e eu acho que as coisas vão ficando claras
Conversa golpista
Um trecho do áudio vazado pelo canal mostra Ailton incentivando Mauro a continuar pressionando o ex-comandante do Exército, Freire Gomes, na época ainda à frente dos militares, a aderir ao golpe.
“Bem, ele [Freire Gomes] faça um pronunciamento, então, se posicionando dessa maneira, para defesa do povo brasileiro. E, se ele não aderir, quem tem que fazer esse pronunciamento é o Bolsonaro, para levantar a moral da tropa. Que você viu, né? Eu não preciso falar. Está abalada em todo o Brasil”, disse Ailton na conversa.