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Que doideira - 01/03/2023, 07:41 - Anderson Orrico

Brasileiro diz que matou amigo por pensar que ele era canibal

Segundo familiares da vítima, suspeito estava com discurso paranóico em últimos encontros

Begoleã Fernandes foi detido suspeito de homicídio em aeroporto em Lisboa
Begoleã Fernandes foi detido suspeito de homicídio em aeroporto em Lisboa |  Foto: Reprodução

Begoleã Fernandes, de 26 anos, preso no aeroporto de Lisboa suspeito de homicídio, confessou o crime através de uma mensagem enviada a um amigo, segundo relataram os familiares da vítima, o também brasileiro Alan Lopes. Na mensagem, Begoleã, que residia em Amsterdã, afirma que Alan era canibal e que planejava comê-lo, tendo agido em legítima defesa. As informações são do Globo.

No áudio, o mineiro de Matipó dirige-se a um outro amigo brasileiro para pedir dinheiro, com o objetivo de juntar recursos para deixar a Holanda. Nas mensagens, ele relata ter sido convidado para um churrasco na casa de Alan, mas que, por suspeitar do brasileiro, levou uma faca para o local e agiu em legítima defesa. Os áudios foram entregues para as autoridades holandesas.

Begoleã semore visitava a casa da família de Alan, que morava em Amsterdã há sete anos com a mãe e a irmã. A vítima trabalhava em um açougue. Nas últimas semanas, Begoleã apresentava discurso paranoico e desconexo, segundo familiares da vítima, que estavam viajando na França no momento do crime.

“Está confuso para todos nós essa história de canibalismo. Ainda mais vindo do meu irmão, não tem lógica. Essa pessoa (Begoleã) é amigo de dois, três anos, do meu irmão. Meu irmão abrigava ele, já que ele não tinha casa, moradia. Meu irmão ajudava muito ele. E, infelizmente foi assim que ele retribuiu”, disse a irmã da vítima, Kamila dos Anjos Lopes.

Ainda segundo Kamila, Alan chegou a doar roupas para Begoleã, que, no momento, devia dinheiro ao jovem de 21 anos. Segundo a imprensa portuguesa, o brasileiro preso chegou a falar aos agentes do Serviço de Emigração e Fronteiras (SEF) de Portugual que Alan tentou cobrar a dívida antes do crime. Begoleã, no entanto, também falou em "canibalismo" no momento em que foi detido.

“Em outro áudio, ele fala que meu irmão matava as pessoas e levava para o açougue, onde trabalhava. Isso é uma loucura. Meu irmão não tinha acesso nenhum ao açougue fora do horário de trabalho. Do jeito que ele entrava ele saia: com o dono abrindo e fechando a loja. Não tem lógica falar uma coisa dessas”, conta Kamila.

O brasileiro foi preso em Lisboa ao chegar de um voo vindo da Holanda, na segunda-feira (27). Ele iria embarcar em outra aeronave com destino ao aeroporto de Confins, quando os agentes do SEF perceberam que ele utilizava um documento italiano falso. Posteriormente, descobriram que havia um mandado de prisão em seu nome emitido pelas autoridades holandesas.

Begoleã será submetido ao processo de extradição e pode ser enviado de volta para a Holanda, segundo o SEF.

Na sua bagagem, foi encontrada uma embalagem de plástico contendo carne, da qual não foi possível determinar a origem. O material foi enviado para análise pela autoridades portuguesas. Apesar das suspeitas de que poderia se tratar de material orgânico humano, a família da vítima afirma que não se trata da carne de Alan Lopes, cujo corpo está intacto, segundo a polícia holandesa.

Segundo Kamila, a família deverá ter novidades da polícia nesta quinta-feira (2), quando o corpo do irmão for liberado.

Vizinhos ouviram briga

A irmã de Alan Lopes afirma que ela e o restante da família deixaram a casa em Amsterdã no sábado pela manhã, quando foram para Paris, na França. Horas mais tarde, Alan chamou amigos para ir visitá-lo em casa, entre eles Begoleã.

No dia seguinte, vizinhos relataram terem ouvido barulho de briga vindos da residência, mas afirmaram também que os sons logo pararam.

Um grupo de oito amigos da dupla decidiu ir até o endereço de Alan e ver o que estava ocorrendo. Eles tentaram arrombar a porta mas, sem sucesso, buscaram ajuda da polícia.

“A porta fica de frente para uma escada. No momento em foram subir, falaram: 'Eu vejo sangue'. Na hora de fazer a curvinha da escada, um amigo disse que a polícia já saiu correndo, falando que tinha um corpo”, conclui Kamila.

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