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Ícone - 13/09/2025, 06:05 - Artur Soares

Nany People celebra 50 anos de carreira em Salvador

Em entrevista exclusiva para o MASSA!, artista falou sobre estigmas e superações de sua carreira

Nany People conversou com o MASSA! nessa data especial
Nany People conversou com o MASSA! nessa data especial |  Foto: Divulgação

Assim como cantou o Grupo Fundo de Quintal, o maior mantra de qualquer artista é de que o show tem que continuar. Completando 50 anos de carreira, Nany People é a representação máxima dessa ideia. Superando todos os tipos de estigmas, a artista vai celebrar essas cinco décadas de trajetória com o espetáculo “Ser Mulher Não é Pra Qualquer Um”. A apresentação rola neste sábado (13), às 20h, no Teatro Faresi, e faz uma revista aos marcos da carreira de Nany.

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Defensora de que “o que tinha que acontecer, aconteceu”, a humorista garante que não mudaria nada na sua trajetória. Porém, existem alguns momentos que ainda são difíceis de revisitar em cima dos palcos. “A parte mais difícil de revisitar são os momentos de abrir as caixas, que você não quer visitar muito os porões de tua alma, onde ficam as cicatrizes guardadas e que, quando você mexe, parecem sangrar de novo”, disse em entrevista ao MASSA!.

O espetáculo é baseado na biografia homônima da atriz. Quando o texto foi levado aos palcos, foram necessárias algumas mudanças para que a apresentação não ficasse muito longa. “Acho que ele é muito mais visceral. Ele conta coisas mais pontuais, assertivas, elucubradas. Para esse espetáculo, o livro foi completamente decantado e ficou o crème de lá crème”, explicou Nany.

Ao longo da trajetória, o que não faltou foram dificuldades
Ao longo da trajetória, o que não faltou foram dificuldades | Foto: Divulgação / Moizés Pazianotto

Há quem defenda que não se torna uma estrela, mas sim se nasce uma. Se isso for verdade, Nany People com certeza foi um desses nascimentos premiados. “A minha carreira profissional foi predestinada antes de eu nascer, ser artista já estava em mim, tanto que eu nasci em uma região que não tinha nenhum consumo de arte. Tenho amigos que morreram e nunca entraram em um teatro”, afirmou.

Uma das marcas de sua carreira é a presença do humor. Nos palcos, a comédia também se faz presente, mas precisa dividir o espaço com alguns momentos mais dramáticos. “Para mim, o humor é minha melhor moeda de troca, sempre foi minha válvula de escape. Todas as vezes que a vida me disse ‘não’ e eu respondi com um ‘por que não?’, o humor veio atrás”, pontuou.

Além de uma inspiração para todas as mulheres, Nany também se tornou um símbolo para a comunidade trans. Sendo uma mulher transgênero na televisão, houve um certo receio na hora de começar no mundo da arte. “Houve um pouco de receio de eu ser estigmatizada por ser uma mulher trans, ficar presa no show business night and gay, eu não queria isso. Eu queria sair, ser do mundo, do teatro, do rádio, da revista”, detalhou.

Por ser baseado em suas próprias vivências, o texto conversa diretamente com as experiências de pessoas trans. Um dos principais pontos abordados por Nany é a importância do nome para as pessoas que transicionaram. “Quando eu conquistei o meu nome e o reconhecimento nacional documentado da minha condição de mulher trans foi libertador. Para uma pessoa leiga pode não ter importância nenhuma, mas é vital para uma mulher trans como eu”, completou.

As coisas mudaram bastante desde que Nany People se tornou nacionalmente conhecida
As coisas mudaram bastante desde que Nany People se tornou nacionalmente conhecida | Foto: Divulgação

Cinco décadas é tempo o bastante para colecionar algumas críticas. Mesmo sabendo que não deve agradar todo mundo, ela parece não ligar muito para isso. “Acho que todo mundo tem um olhar para nossa história, nossos atos, seja benevolente ou de desdém, depende de quem nos vê. Se para muita gente eu sou inspiração, tenho certeza que para muita gente eu sou transgressão”, declarou.

As coisas mudaram bastante desde que Nany People se tornou nacionalmente conhecida. Para ela, a realidade das mulheres que desejam viver hoje em dia é bem diferente. “Acho que a carreira artística hoje em dia te dá um status que antigamente não dava. Antigamente o status da carreira artística era muito mais degenerativo e pejorativo do que hoje”, argumentou.

Ao longo da trajetória, o que não faltou foram dificuldades. Hoje em dia, Nany se mostra orgulhosa por não ter deixado a peteca cair e, acima de tudo, feito o show continuar. “Eu me sinto literalmente uma vencedora, porque eu me mantive no propósito. Eu escolhi a carreira artística e não abri mão do propósito. É muito difícil na vida você se manter no propósito”, finalizou.

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