
O Metrô Bahia realizou, na tarde desta sexta-feira (28), a segunda edição do Desfile de Moda Sustentável, na Estação Bairro da Paz, em celebração ao mês da Consciência Negra. A ação, organizada em parceria com o CRAS Bairro da Paz e o Conselho de Moradores da comunidade, reuniu cerca de 35 participantes que exibiram peças confeccionadas com materiais recicláveis, reforçando o compromisso do projeto com a sustentabilidade e a valorização cultural do território.
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Lacres de latinhas, jornais, revistas e tampas de garrafas PET ganharam novas formas pelas mãos de artesãs e recicladoras da própria comunidade. Parte das criações integra o acervo da designer de moda e idealizadora do projeto, Vera Cidade, que produziu peças em upcycling ao lado da modelo profissional Elisabeth Leal, transformando resíduos em moda consciente.
O evento também contou com a participação de coletivos como a Rede Recicla, Eu Sou Catador e Recicla da Paz, com o objetivo de fortalecer o compromisso com a sustentabilidade, a valorização da cultura negra e a promoção da identidade periférica.

Para Anacléia, responsável pela área de responsabilidade social da CCR Metrô Bahia, o apoio ao desfile faz parte do papel social da empresa.
“Nosso objetivo é aproximar as comunidades das nossas estações, abrir espaço para que tragam suas manifestações culturais. Isso fortalece vínculos, constrói pertencimento e mostra que o metrô é também um equipamento comunitário”, explica.
Segundo ela, o primeiro desfile ocorreu em 2019, e a retomada da iniciativa demonstra o compromisso da empresa em ampliar ações de cultura e sustentabilidade em todas as estações das linhas 1 e 2.
Entre os destaques do desfile esteve a jovem Michelle Alves, 17 anos, moradora do Bairro da Paz, estudante do Colégio Estadual Mestre Paulo dos Anjos e modelo há oito anos. Coordenadora de passarela do evento, ela celebrou a oportunidade de incentivar outras pessoas da comunidade.

“É gratificante mostrar que a periferia tem talento, tem potência. Eu, tão jovem, negra e periférica, estou aqui para provar que qualquer pessoa pode ocupar o lugar que quiser. Basta querer”, afirma.
A liderança comunitária Cristiana Santos, moradora do bairro há 43 anos, relembra que o projeto nasceu a partir de oficinas realizadas no Colégio Municipal Paulo dos Anjos, com foco na autoestima de mulheres chefes de família, artesãs e modelos da comunidade.
“A gente trabalha o cabelo, a postura, o lugar de fala. É sobre mostrar que esse tapete vermelho também nos pertence. Temos modelos profissionais, mães de família, pessoas com deficiência, todos desfilando”, destaca.
Para ela, a ação fortalece o sentimento de pertencimento e evidencia o protagonismo feminino negro no território.

Assistente social, designer de moda e coordenadora do CRAS Bairro da Paz, Vera Cidade reforça que o desfile é também um ato político. “O papel do CRAS é fortalecer vínculos e valorizar a negritude. O Bairro da Paz é estigmatizado, mas aqui existem talentos e potências. A inspiração das peças vem da manualidade, das crocheteiras, da arte, das próprias moradoras. Elas só precisam de orientação para desenvolver o processo criativo”, explica.
O evento também contou com a presença da artesã Eliana Almeida, proprietária da marca Negra Eli, que expôs bonecas artesanais produzidas para fortalecer a autoestima de crianças negras. Entre os modelos, havia bonecas com cabelos black orgânicos laváveis, versões com vitiligo, peças feitas em crochê e representações inclusivas de diversas deficiências e condições.
Interessados podem conhecer o trabalho através do Instagram @negraeliami.
*Sob supervisão do editor Anderson Orrico
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