
Entre esta sexta-feira (6) e domingo (8), o Teatro Martim Gonçalves, no bairro do Canela, em Salvador, recebe o espetáculo Filipa, sempre às 19h. A peça, encenada pelo grupo artístico Panacéia - formado exclusivamente por mulheres - retrata a história de Filipa de Sousa, uma portuguesa que se tornou um símbolo de resistência na comunidade LGBTQIAPN+. Condenada durante a Inquisição, em 26 de janeiro de 1592, Filipa viveu um dos episódios mais emblemáticos de perseguição à homossexualidade no Brasil, ocorrido em Salvador.
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Filipa teve relações afetivas com seis mulheres e, como consequência, sofreu punições severas: foi açoitada em praça pública, perdeu seus bens, foi obrigada a participar de um auto de fé descalça e segurando uma vela acesa, recebeu diversas penitências espirituais e ainda precisou arcar com as custas do processo.
As atrizes e diretoras Camila Guilera e Elisa Mendes dão vida a essa narrativa nos palcos. Para elas, a montagem reforça a importância do debate sobre preconceito e repressão ainda presentes na sociedade.
"A gente está falando de uma mulher diante da inquisição da igreja católica no século XVI. Mas, infelizmente, a gente está vivendo outros processos, né? Repressivos e de perseguição a algumas pessoas LGBTQIA+, perseguição às mulheres. Um retorno ao tempo de um extremismo religioso e moralista”, afirmou Camila Guilera.
Ela também destaca como a história de Filipa, embora antiga, ainda ressoa nos dias atuais.
“A história de Filipa, infelizmente, é atual. Porque nós, pessoas LGBTQIA+, precisamos ainda estar em combate, em vigília, sob alerta. Ainda precisamos defender e provar tantas vezes que nossas vidas importam, que o nosso amor importa, que as nossas expressões da nossa sexualidade importam, e a gente não vive num mundo de facilidades, de convivência com a diversidade, infelizmente”, declarou em entrevista ao jornal MASSA!.
Grupo Panacéia
Criado em 2008, o Panacéia construiu ao longo dos anos uma trajetória artística voltada para a valorização das histórias de mulheres. Desde sua fundação, o grupo—ou "grupA", como se autodenomina—é formado exclusivamente por mulheres, que ocupam todos os espaços da criação teatral: desde a dramaturgia e direção até os aspectos técnicos e montagem de palco.
Com a estreia de Dorotéia em 2010, a companhia conquistou reconhecimento internacional, sendo premiada na Bielorrússia. Desde então, a grupA reafirma seu compromisso em dar visibilidade a narrativas femininas. Entre as produções do coletivo, estão EU PAGU, 200+1 - As Heroínas da Independência, Meninas Contam a Independência e, agora, Filipa. O novo espetáculo resgata a trajetória de uma mulher condenada pela Inquisição na Bahia no século XVI por viver livremente sua afetividade.
Panacéia convida o público a assistir Filipa, um espetáculo que atravessa gerações e reforça a urgência da luta pela liberdade, pelo amor e pelo direito de existir.
SERVIÇO
O quê: Espetáculo Filipa
Quando: 06 a 08 de junho às 19h
Onde: Teatro Martim Gonçalves - Escola de Teatro da UFBA
Ingressos: Disponíveis no Sympla
Valor: R$ 30 (Inteira) e R$ 15 (Inteira).
*Sob a supervisão do editor Jefferson Domingos