No próximo dia 30, Salvador recebe pela primeira vez o Fancy África Brasil, iniciativa internacional idealizada em Moçambique e dirigida pelo criativo King Levi. Realizado no espaço Docas 1, durante o Festival Feira Preta, o pocket desfile encerra as atividades do Novembro Negro na cidade e apresenta ao público um panorama contemporâneo da moda africana.
Leia Também:
O evento pretende entregar ao público baiano uma mostra da inovadora produção fashion africana, reunindo marcas autorais de países como Moçambique, Angola e Botsuana. Desde o dia 21, uma comitiva de estilistas e modelos desembarcou na cidade, trazendo peças que dialogam com ancestralidade, técnicas artesanais e estéticas que vêm ganhando destaque no cenário global. Entre as marcas participantes estão Xigubo, Camila Kutsura, Abi Creations, Bravaas, Ilda Versátil, Puntz Wear e T’sava By Ancha, além dos brasileiros Rey Vilas Boas e Tia Ró Fuxiqueira, únicos representantes nacionais no lineup.
A chegada do Fancy África a Salvador é simbólica: em uma das cidades mais importantes da diáspora africana, o desfile estabelece uma ponte criativa entre continentes que compartilham histórias, estéticas e identidades forjadas pela resistência cultural. “Trazer o Fancy Africa para Salvador é cumprir um destino histórico. É como se a rota que um dia foi marcada pela dor agora fosse redesenhada pela criatividade, pelo luxo e pela afirmação de um povo”, afirma King Levi. O criador relaciona o momento também ao fortalecimento recente das relações entre Brasil e países africanos, citando declarações do presidente Lula em Moçambique sobre a “dívida histórica” brasileira com o continente.
A proposta do desfile é apresentar uma visão contemporânea da moda africana, longe de estereótipos e conectada às grandes tendências mundiais. O público pode esperar desde alfaiataria afro futurista até texturas orgânicas e detalhes artesanais, tudo permeado por narrativas que evocam realeza, resistência e vanguarda. “Cada peça é um capítulo de uma história maior: a de um continente que sempre foi potência criativa e de uma diáspora que transforma seu legado em estética, política e arte”, explica Levi.
Criado em 2017, em Maputo, o Fancy África nasceu com a missão de valorizar expressões artísticas e empreendedoras de comunidades africanas e afrodescendentes. O projeto já circula internacionalmente e mira expansão para outras capitais brasileiras após a estreia em Salvador. Além de promover intercâmbio cultural, o evento fortalece profissionais da cadeia da moda afro, estilistas, trancistas, maquiadores e criadores que, diariamente, alimentam o repertório estético que conecta África, Brasil e mundo.
*Sob supervisão do editor Anderson Orrico
leia também