Um dos maiores ícones e personagens da história do futebol brasileiro 'partiu dessa para melhor' na última sexta-feira (5). O ex-jogador e treinador da Seleção Brasileiro, Mario Jorge Lobo Zagallo, deixou um legado vitorioso em sua trajetória, como única pessoa a estar presente em quatro títulos de Copa do Mundo, além da mística da camisa 13, que virou marca registrada dele.
Ao longo dos 92 anos, Zagallo já estava com complicações de saúde. Em dezembro do ano passado, ele teve que ser internado no Hospital Barra D'Or e, na noite de ontem, teve falência múltipla dos órgãos, quando morreu na unidade médica.
História marcante
Em 8 de agosto de 1931 nascia um dos grande personagens do esporte nacional, Mario Jorge Lobo Zagallo. Com muito talento e ginga nos pés, o 'Velho Lobo' mostrou que desde cedo era craque de bola, se destacando na peneira para virar jogador do América-RJ. Por lá, venceu o Carioca de Amadores e partiu para o Flamengo, onde virou estrela de vez.
No entanto, antes de brilhar pelo Rubro-Negro, Zagallo teve de passar por um período no Exercito, onde serviu como guarda na final da Copa do Mundo de 1950, no Maracanã, e viu de perto o timão do Brasil cair diante de um Uruguai inspirado, causando a tristeza do povão brasileiro. O que ele não sabia, era que a história reservava grandes conquistas com a Amarelinha.
Com uma trajetória vencedora no Mengão, conquistando o tricampeonato carioca, o ponta esquerda chamava atenção pelo grande talento e então chegou até a Seleção Brasileira.
Oito anos depois do histórico 'Maracanaço', Zagallo conseguiu estar presente em outra final de Copa do Mundo, em 1958, mas desta vez a história teve um final feliz. Com o atacante brocando um dos gols, o Brasil goleou a anfitriã Suécia por 5 a 2, e, ao lado de Pelé e Garrincha, ajudou na conquista do primeiro Mundial brasileiro.
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Pouco tempo depois, no mesmo ano, ele deixou o Flamengo e migrou para outro grande clube carioca, o Botafogo. Por lá, continuou tendo destaque, principalmente ao lado dos craques Nilton Santos, Didi e Garrincha, erguendo as taças de campeão do Cariocão e torneio Rio-São Paulo.
Em 1962, estava ele novamente em uma final de Copa do Mundo, e ao lado dos colegas de time, do Fogão, conquistou o bicampeonato Mundial, estampando a segunda estrela acima do escudo da Seleção.
“Campeão eterno" tem 13 letras
Em 1966, Zagallo iniciou a carreira como técnico, assumindo justamente o Botafogo. Por lá, venceu o Campeonato Carioca duas vezes e conduziu o Glorioso ao primeiro título do Brasileirão do clube, em1968.
Após passar anos de experiência como técnico, Zagallo foi chamado para comandar a Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1970. Mesmo tendo pouco tempo de trabalho até o campeonato, ele aceitou o desafio e conduziu o time formado por Gérson, Rivellino, Tostão, Pelé e Jairzinho ao tricampeonato do Brasil, marcando época com a amarelinha, sendo vencedor como jogador e treinador.
Porém, nem tudo foi mil maravilhas, e o 'Velho Lobo' foi duramente criticado após ser eliminado para a Holanda de Cruyff, nas semifinais do Mundial de 1974. Daquele momento em diante, o treinador seguiu a carreira e treinou diversos países, como Kuwait, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos até retornar para a amarelinha como coordenador técnico de Carlos Alberto Parreira.
E então após 20 anos, em 1994, Zagallo conquistou o quarto título de Campeão do Mundo a frente da Seleção Brasileira, entrando para a história como única pessoa a estar presente em quatro títulos de Copa do Mundo. Ele era homem de confiança da CBF e foi escolhido para suceder parreira como, novamente, treinador do Brasil.
A liderança da equipe brasileira teve momentos difíceis, como a perda na semifinal da Olimpíada de Atlanta para a Nigéria, mas também teve vitórias notáveis, como a conquista da Copa das Confederações e da Copa América em 1997, que teve um gostinho especial, pois foi a primeira vez que o Brasil venceu o torneio fora de seu país.
Após o título, Zagallo disparou a famosa frase, ao vivo e em cores, em direção aos críticos, que ficou marcada por muito tempo.
"Agora vocês vão ter que me engolir"
Zagallo
A passagem do 'Velho Lobo' como treinador da Seleção Canarinho teve fim após a Copa do Mundo de 1998, quando o Brasil perdeu o título para a França de Henry e Zidane, que jogavam em casa. Após isso, ainda retornou como coordenador técnico ao lado de Parreira depois do pentacampeonato de 2002 e conquistou a Copa América de 2004 e Copa das Confederações de 2005.
Fim da história
Zagallo encerrou sua história vitoriosa como treinador, aos 75 anos, após a Copa do Mundo de 2006, quando o Brasil foi eliminado para a França novamente, desta vez nas quartas de final. Ali foi o fim de um ciclo vencedor e muito marcante de um dos maiores técnicos do Brasil.
Ele dirigiu a equipe brasileira em 135 partidas, alcançando um aproveitamento de 79,7%, estabelecendo-se como o técnico com maior número de jogos à frente da seleção. Além disso, atuou como coordenador em mais 72 jogos, mantendo um aproveitamento de 65,7%.