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1 em 40 - 20/11/2025, 17:50 - Da Redação

Vitória é o único clube das Séries A e B com um técnico negro

Outros treinadores chegaram a passar pelas competições, mas foram demitidos

Hemerson Maria, técnico de futebol
Hemerson Maria, técnico de futebol |  Foto: Reprodução/JEC

Dentro de uma realidade em que 55,5% da população brasileira se autodeclara negra (parda ou preta), apenas um técnico das Séries A e B do futebol brasileiro é negro. O solitário, nesta realidade, é Jair Ventura, treinador do Vitória, que assumiu o clube em 24 de setembro deste ano.

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Nas 40 equipes que compõem as duas principais divisões do futebol nacional, somente o Rubro-Negro, que tem um leão rastafari como mascote, tem um professor negro comandando a equipe. Durante a temporada, o português Pepa chegou a assumir o Sport e Roger Machado o Internacional, mas foram demitidos. Na Série B, Roger Silva esteve à frente do Athletic.

Esse cenário não é recente. Em 2022, quando ainda treinava o Goiás, Jair Ventura também era o único técnico negro a comandar uma equipe da Primeira Divisão.

"O mais impressionante desse dado não é não ter treinadores negros, porque isso é algo normal, e visto pela sociedade como algo normal. O que causa estranheza é que esse debate não existe no futebol brasileiro", disse Marcelo Carvalho, diretor-executivo do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, ao AFP, em 2022.

Ser técnico é caro

Para se tornar um técnico profissional, reconhecido pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), e treinar equipes das principais divisões é preciso ter a Licença Pro, que pode chegar à bagatela de R$ 50 mil.

Hemerson Maria, que treinou o Joinville nesta temporada, contou, em entrevista ao Jornal de Brasília, que "os cursos para essa formação são muito caros e não são acessíveis à população negra, que não tem condição financeira de bancar essa qualificação".

Hemerson Maria, técnico de futebol
Hemerson Maria, técnico de futebol | Foto: Reprodução/JEC

Não é só força

Ainda é muito presente, em diversos ambientes do futebol, pontuar apenas valências físicas dos jogadores negros, como se não houvesse qualidades referentes ao entendimento tático. Em períodos de Copa do Mundo, as análises sobre seleções africanas costumam ser as mesmas: velocidade e força.

No entanto, no último Mundial, uma das equipes semifinalistas foi o Marrocos, seleção do norte da África. Superando as análises clichês, o time jogou um futebol veloz, físico, mas também de muita qualidades nos passes e de disciplina tática.

Seleção Marroquina chegou à semifinal da Copa do Mundo de 2022
Seleção Marroquina chegou à semifinal da Copa do Mundo de 2022 | Foto: ODD ANDERSEN/AFP

Correndo, muitos, no banco apenas um

Fazendo gols, dando assistências ou fechando a trave são muitos os atletas negros. Ao todo, correspondem a 60% de todo os jogadores da elite. Contudo, no banco, comandando, apenas um.

Mesmo em uma realidade que treinadores costumam ser ex-jogadores, o cenário não se repete quando esses são negros. Andrade, ídolo do Flamengo e campeão em 2009 do Brasileirão como técnico, não resistiu e foi logo mandado embora, sem nunca mais conseguir espaço nas equipes.

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