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Passado que condena - 29/04/2023, 09:30 - Tabitha Gomes

Sentença confirmada: Cuca foi condenado por estupro há 34 anos atrás

Processo do caso está em um Arquivo de Berna, capital da Suíça

Há 34 anos Cuca era condenado por cometer atos sexuais com uma menor
Há 34 anos Cuca era condenado por cometer atos sexuais com uma menor |  Foto: Bruno Cantini/Atlético

Uma informação revelada no Jornal Nacional, da última sexta-feira (28), surpreendeu o público e trouxe à tona um processo para lá de cabuloso contra o técnico Cuca, demitido recentemente do Corinthians por estar envolvido em escândalo de assédio sexual. O programa global garantiu ter tido acesso à página de número 915, do processo que confirma sentença com a condenação do treinador por ato sexual contra menor cometido em 1987. Ele foi condenado em agosto de1989, há quase 34 anos.

Na página 915, em que a sentença do juiz começa, contém o nome dos quatro condenados. O primeiro é o de Alexi Stival, mais conhecido como Cuca. Junto vem os crimes que eles cometeram: ato sexual com menor e coação. O conteúdo completo do processo está em sigilo de 110 anos. O processo do caso segue guardado nos Arquivos do Estado de Cantão de Berna, capital da Suíça, onde ficam arquivados documentos históricos e processos judiciais do país.

Durante a reportagem, a diretora do Arquivo de Berna, Barbara Studer leu o processo e confirmou informações que se tornaram públicas por jornais suíços que acompanharam o julgamento e a condenação, em 15 de agosto de 1989.

O crime ocorreu em um hotel do centro de Berna, no dia 30 de julho de 1987. Cuca e outros dois homens, que na época eram jogadores do Grêmio, foram condenados por terem cometidos atos sexuais com uma menina de 13 anos. Um quarto jogador foi absolvido dessa acusação, mas foi condenado por coação, por ter participado do crime. Segundo Barbara Studer, as informações do processo confirmaram que o sêmen de Cuca foi encontrado no corpo da vítima e que ela também reconheceu o treinador como um dos agressores.

Na coletiva de apresentação como técnico do Corinthians na semana passada, Cuca negou essas acusações trazidas à tona no vazamento do processo. "Por três vezes a moça esteve lá na frente. Não é que não reconheceu, é que eu não estava. E ela, a vítima - não sou eu, é ela - falou: o rapaz não está, o rapaz não está. Se a vítima fala que não estava, como é que eu posso ser condenado?", afirmou o treinador.

Barbara Studer afirmou ainda que a vítima, na época com apenas 13 anos, confirmou que tentou se suicidar depois do crime. Os quatro acusados ficaram detidos menos de um mês. Eles pagaram a fiança e voltaram ao Brasil. O julgamento ocorreu quase dois anos depois, sem a presença deles.

Eduardo Hamester, Henrique Etges e Cuca foram condenados a 15 meses de prisão. Os acusados receberam uma pena condicional que faz parte da legislação da Suíça.

O condenado, nesse caso, não é preso por ser réu primário, ou seja, ele só vai para a cadeia caso cometa algum outro tipo de crime durante um prazo determinado pelo justiça este prazo já prescreveu no caso de Cuca e os demais condenados.

"A coação sexual é aplicar violência ou uma ameaça para fazer uma pessoa tolerar ou fazer atos sexuais. Estupro sempre contém o coito, isto é, a penetração", explicou o advogado suíço Peter Kriebel, detalhando que na Suíça a coação sexual não é considerada estupro. Já no Brasil, o crime cometido pelos jogadores seria considerado estupro.

Por meio de nota, a defesa de Cuca voltou a afirmar que a vítima não fez o reconhecimento dele, diferentemente do que confirmou a justiça suíça. A defesa do técnico nega as acusações e lamenta pelo que chama de "linchamento irresponsável" por situações ocorridas há 34 anos.

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