
O que você fez aos 10 anos de idade? O jovem surfista baiano Davi Lucca quebrou um recorde do Rank Brasil ao se tornar o mais novo a surfar a Pororoca - nome dado a um tipo de onda que aconteceu no Rio Capim, em São Domingos do Capim, cidade do Pará - por cerca de três minutos. Apesar de não ter sido a primeira conquista do garoto, o destaque no festival da Pororoca, ocorrido entre os dias 29 de março e 6 de abril, ficou marcado por uma grande mudança na sua carreira e na vida.
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Natural de Praia do Forte, em Mata de São João, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), o garoto passou por uma rotina de treinos em preparação para encarar o desafio. Mas, ainda assim, o frio na barriga tomou conta na hora de encarar a Pororoca. Em entrevista exclusiva ao Portal MASSA!, Davi descreveu a sensação, no dia do feito, como uma grande adrenalina.
O dia foi muito tenso, adrenalina total. Achei que ia ser só uma ondinha pra pegar, mas foi uma coisa muito grande
“O dia foi muito tenso, adrenalina total. Eu não tinha expectativa, achei que ia ser só uma ondinha ali, só pra pegar. Mas não, foi uma coisa muito grande, eu não imaginava. Eu estava com o coração na mão, sem saber se vinha uma onda grande, pequena, média. Mas pra mim foi muito importante, fiquei muito feliz e muito grato a Deus”, iniciou.
“Na minha cabeça passava tanta coisa e, ao mesmo tempo, parece que desliguei. Me joguei na banana boat, já tinha uns caras lá dizendo onde eu tinha que ficar, aí, do nada, vi um negócio subindo, uma espuma branca bem perto de mim. Consegui ficar de pé e nem sabia o que fazer. Era pra eu ter ligado a GoPro, mas eu estava tão desligado que esqueci. Aí no meio da onda que lembrei de ligar”, descreveu o atleta mirim.
Após fazer história, o garoto recebeu o caloroso acolhimento da comunidade local, caindo nas graças de outros jovens e alguns adultos que presenciaram todo o desfecho do desafio. Davi se tornou tema de notícia em diversos jornais esportivos, ganhando destaque nacional e sendo reconhecido por onde passava. Mesmo com o impacto e reconhecimento no dia a dia, ele contou ao MASSA! que a ficha ainda não caiu totalmente.
“Estou muito feliz, de verdade, muito grato a Deus, à minha família. Mas ainda não tenho noção de que isso deu o ‘boom’ na minha carreira. Até hoje ainda não caiu a ficha e acho que vai demorar um pouquinho pra isso. Eu só aproveito, curto o momento”, vibrou.
Mudou minha vida total. Agora todo mundo quer ser meu amigo, quer estar por perto. Tem mais gente me ligando pra surfar e várias outras coisas
Amor pelo surf e um futuro brilhante
Apesar de novinho, Davi Lucca já é um dos fenômenos em ascensão na modalidade. Filho de pai surfista, Carlos Silva, conhecido como Litinho, sua paixão pelo surfe começou desde as raízes, no ventre da mãe, e se potencializou aos 4 anos, quando ficou de pé na prancha pela primeira vez, iniciando um elo forte com o esporte.
“Comecei desde a barriga, mas fiquei de pé mesmo com 4 ou 5 anos, seguindo essa carreira no esporte. Um dia, minha mãe tinha me levado para surfar na praia, aí ela foi lá e me jogou na onda com a prancha, sem expectativa, e eu consegui ficar de pé. Ela ficou muito feliz e ligou para o meu pai. Foi muito irado. Meus pais são minha maior inspiração”, contou.

Desde então, o adolescente vai moldando sua rotina com os afazeres pessoais, como a escola, e um intervalo entre as atividades para pegar uma onda e treinar o surfe. “Eu acordo de manhã bem cedo, umas 5h ou 6h. Geralmente vou pra escola e saio dela às 14h30. Aí eu almoço e, geralmente, vou surfar ou assisto uns vídeos de surfe. Depois do surfe, vou andar de skate e depois tomo um café e vou dormir”, descreveu.
A relação com o esporte aquático se estreitou quando Davi começou a participar de torneios, desde os 5 anos de idade. Prodígio e habilidoso, ele empilhou diversas premiações e hoje coleciona mais de 100 troféus e medalhas em seu currículo, como: o Campeonato Pernambucano 2025; a primeira etapa do Circuito Catarinense; o Tivoli Triple Crown (estadual baiano); além disso, foi vice-campeão do latino-americano no Rio de Janeiro.
Com inspirações em Ítalo Ferreira, Kobe Bryant e Cristiano Ronaldo, o garoto descreveu seu futuro com muito foco e disciplina, mas sempre ‘com os pés no chão’. “Daqui a alguns anos eu acredito que ainda vou quebrar muitos recordes, ter mais troféus em casa e também mais experiência. Na minha cabeça, eu acho que, tipo, eu vou ser um cara muito tranquilo, como já sou. As pessoas vão olhar de outro jeito pra mim, eu imagino. Acho que esse lance da Pororoca vai me ajudar muito, em todos os lugares que eu for. Vão me olhar como: 'aquele é o menino da Pororoca, que bateu o recorde'”, afirmou.

Parceria com Ivete e inspiração para outras crianças
Em sua carreira, o garoto possui uma forte aliada e torcedora destaque: a cantora Ivete Sangalo, dona de uma associação civil de direito privado, sem fins lucrativos, dedicada a causas sociais. Apoiadora do menino, a artista celebrou sua conquista em um post no perfil do instituto, nas redes sociais.
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Assim como foi inspirado pelo seu pai, o jovem relatou ao MASSA! que deseja inspirar outras crianças a não desistirem de seus objetivos. “Eu diria para não desistir dos seus sonhos, ter muita força de vontade. Quando você pensar em desistir, lembre-se que sempre teve alguém ali com você. Como eu que sempre tive uma pessoa ao meu lado, me ajudando. Por isso, eu não paro. Eu não desisto e nunca vou desistir dos meus sonhos”.
“Se não fosse minha família, eu não estaria onde estou hoje, porque eles sempre me incentivam. Isso é muito bom, por isso que eu nunca pensei em desistir. Se não fosse eles, eu não seria, quem eu sou hoje. E hoje eu sou o Rei da Pororoca!”, finalizou.