Primeiro técnico do Bahia na gestão do Grupo City, Renato Paiva voltou a falar sobre sua passagem pelo clube. O português voltou a reforçar o discurso sobre as cobranças, para ele desproporcionais, no ambiente do futebol brasileiro.
Em entrevista ao site 'The Coaches Voice', Paiva alegou ter sido abordado por torcedores que cobravam um título brasileiro já nesta temporada, a primeira após a venda da SAF do Tricolor para o grupo esportivo estrangeiro.
"Infelizmente, expectativas irrealistas são comuns no futebol brasileiro. Certa vez, dois torcedores baianos vieram falar comigo num shopping: 'Senhor, temos que ser campeões'. Enquanto eu dizia que iríamos lutar por isso, mas que tínhamos que respeitar o Vitória, eles me interromperam: 'Não, treinador, não estamos falando do campeonato baiano. Temos que ganhar o Brasileirão'", afirmou o treinador, que está sem clube após pedir demissão do Esquadrão.
Apesar da coleção de marcas e resultados negativos, Paiva entende que o time estava apresentando um bom desempenho sob seu comando. Ele afirma que no futebol brasileiro "só olhamos para os resultado", os quais para ele não condiziam com o trabalho coletivo da equipe.
"Minha sensação é que o Bahia estava evoluindo quando saí. Vi que o time estava jogando cada vez melhor. O Bahia foi o sexto time dos 20 que menos sofreu chutes a gol, e o quinto com mais chutes a gol. Ou seja, coletivamente falando, havia um trabalho em andamento, uma ideia. No Brasil, porém, olhamos apenas para os resultados. E, de fato, os resultados não foram bons", opinou.
Segurado pelo Grupo City em meio a crise no Bahia, Renato Paiva reforçou o fato de que ele optou por deixar o comando técnico do clube. Ele garante que não seria demitido e que havia uma boa aceitação da gestão de futebol do Tricolor com seu trabalho.
"É importante deixar claro que o City Group não iria me demitir até o final da temporada. Não houve ameaça de demissão. Pelo contrário, senti muita confiança e apoio do Manchester. Trabalhar em um clube do City Group é diferente. Existem diretrizes que devem ser seguidas e respeitadas. O estilo de jogo tem que se enquadrar em determinados parâmetros que eles estabelecem e estávamos claramente dentro do que era exigido. Mas senti que era hora de partir. A pressão era excessiva e eu não queria aquele ambiente para os meus jogadores", enfatizou.
Paiva deixou o Esquadrão com pouco menos de 49% de aproveitamento em 49 jogos, com 19 triunfos, 15 empates, 15 derrotas e o título do Campeonato Baiano. No Brasileirão, acumulou apenas 22 pontos em 22 partidas comandando o Tricolor.
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