O tricampeão mundial da Fórmula 1, Nelson Piquet, foi condenado nesta semana a pagar R$ 5 milhões destinados a entidades de promoção da igualdade racial e combate à LGBTQIA+fobia. A condenação aconteceu nove meses após falas racistas e homofóbicas sobre o piloto inglês Lewis Hamilton proferidas pelo brasileiro se tornarem conhecidas.
"Logo que isso aconteceu, eu comentei sobre isso e ainda acredito que não devemos dar atenção para essas pessoas cheias de ódio. Mas eu gostaria de reconhecer o que o governo do Brasil fez, é impressionante que tenham responsabilizado alguém e mostrado às pessoas que isso não é tolerado. Racismo e homofobia não são aceitáveis, não há lugar para isso em nossa sociedade. Por isso, amo que tenham mostrado que eles se posicionam", comemorou Hamilton.
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As falas de Piquet foram retiradas de uma entrevista de 2021, que viralizou na internet apenas em junho passado. Nela, o ex-piloto brasileiro chama Hamilton duas vezes de "neguinho", ao opinar sobre a batida do heptacampeão com seu genro, o bicampeão Max Verstappen, no GP da Inglaterra de 2021.
"O 'neguinho' meteu o carro e deixou. O Senna não fez isso. O Senna não fez isso. Ele foi, assim, 'aqui eu arranco ele de qualquer maneira'. O 'neguinho' deixou o carro. É porque você não conhece a curva. É uma curva muito de alta, não tem jeito de passar dois carros e não tem jeito de passar do lado. Ele fez de sacanagem", disse Piquet na entrevista.
Entidades de promoção da diversidade racial e da comunidade LGBTQIA+ processaram Piquet. A ação foi acatada pelo Ministério Público do Distrito Federal (MP-DTF e, no início de março, o órgão solicitou a condenação do ex-piloto, que foi confirmada pelo juiz Pedro Matos de Arruda.
"Esta ofensa é intolerável. Mais ainda quando se considera a projeção que é dada quando é uma pessoa tão reconhecida e tão admirada como o réu. Assim, tenho que o dano moral coletivo está caracterizado, porque houve ofensa grave aos valores fundamentais da sociedade. Desta forma, considerando que o réu se propôs a pagar mais de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) para ajudar na campanha eleitoral de um candidato à presidência da república (Jair Bolsonaro), objetivando certamente a melhoria do país segundo as suas ideologias, nada mais justo que fixar a quantia de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais) – que é o valor mínimo de sua renda bruta anual – para auxiliar o país a se desenvolver como nação e para estimular a mais rápida expurgação de atos discriminatórios", declarou o magistrado na sentença.