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Só benefícios - 18/08/2025, 06:00 - Lucas Santos*

Jiu-jitsu para idosos: nunca é tarde para começar no esporte

Projeto social Rato de Tatame tem aulas de arte marcial para pessoas com mais de 60 anos

Iniciativa acontece no  Alto do Macaco, no bairro de Itapuã
Iniciativa acontece no Alto do Macaco, no bairro de Itapuã |  Foto: José Simões / Ag. A TARDE

Na terceira idade, problemas de saúde como pressão alta, dificuldade com a coordenação motora, fragilidade no sistema imunológico e diabetes começam a aparecer com maior frequência, não há nada melhor que praticar atividade física para combater os efeitos do passar do tempo. Foi pensando nisso que o mestre Lucas Ratto, no projeto social ‘Rato de Tatame’, passou a dar aulas para pessoas com mais de 60 anos.

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“O projeto é para poder ter benefícios para a comunidade. [...] A didática das aulas é toda minha. Começamos com alongamento, atividade física, mobilidade, movimentação, e em uns cinco meses, elas (as alunas) já começaram a ir para a parte da luta, trocando pegada, quedando e finalizando em pé”, destacou o mestre, em entrevista ao MASSA!.

Localizada no Alto do Macaco, que fica em Itapuã, a iniciativa - em parceria com a Bruxo Team - tem seu centro de treinamento acoplado à casa de Ratto, que dá aulas para os idosos todas as terças e quintas-feiras, às 8h. “O prospecto do projeto é de formar cidadãos para além da competição. O principal é tirar as pessoas da rua, ter exemplos sadios, dar um norte para as pessoas. É sobre ser um faixa preta na sua conduta, na sua postura e na sua ética”, lembrou Tiago “Bruxo”, principal apoiador e parceiro do projeto, que ainda almeja dar aulas de inglês para as crianças.

Benefícios vão da parte física até a psicológica
Benefícios vão da parte física até a psicológica | Foto: José Simões / Ag. A TARDE

Estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que, dos mais de 33 milhões de idosos no Brasil, 9 milhões fazem atividade física. Destes, 66% têm a caminhada como o esporte favorito; 13% preferem andar de bicicleta e quase 10% optam em ir à academia. Apesar das lutas serem preteridas em sua maioria pelos mais velhos, existem sim vantagens em sua prática. “Quem vem para o jiu-jitsu sai do sedentarismo, trabalha a coordenação motora e o equilíbrio, que vão se perdendo com o tempo. Esse trabalho que é feito aqui pode ajudar muito nas atividades do dia a dia. [...] Aqui no bairro tem casos de netos que empurram avós, que ficam rebeldes, segurando avós. E aqui, elas aprendem a se desvencilhar, saem de abraços mais fortes, apertos mais fortes e outros ataques”, explicou Bruxo.

Mestre Lucas Ratto é fundamental para a ação social
Mestre Lucas Ratto é fundamental para a ação social | Foto: José Simões / Ag. A TARDE

A arte suave em família

O mestre Lucas Ratto tem longa história com projetos sociais e uma carreira bastante extensa nas artes marciais, para além do jiu-jitsu. São mais de 30 anos na capoeira, onde conquistou quatro títulos brasileiros, um campeonato europeu e o prêmio Red Bull Paranauê, de caráter mundial. No jiu-jitsu, são 17 anos de estrada e a faixa preta na cintura. “O jiu-jitsu tem um senso e apoio muito grande. Governo do estado e Prefeitura nunca me deram apoio enquanto capoeirista. Nunca me deram uma calça, que custa 50 reais. No jiu-jitsu, a Bruxo Team vem cheia de kimono para doação pro projeto. O jiu-jitsu tem mais esse senso de família de ver o outro crescer, diferente da capoeira”, desabafou ao MASSA!.

Tiago “Bruxo” é professor e fortalece na ajuda das aulas
Tiago “Bruxo” é professor e fortalece na ajuda das aulas | Foto: José Simões / Ag. A TARDE

Mudança na vida e na mente

Tiago “Bruxo”, mestre da Bruxo Team, que conquistou 10 medalhas de ouro no Campeonato Baiano de Jiu-Jitsu no último dia 10, teve a vida transformada e passou a ajudar outras pessoas a partir do esporte. “Trouxemos muita gente pra essa vida, pra dentro do tatame, moldando vidas. Alguns alunos entraram mais quietos e passaram a se expressar melhor. A arte marcial te dá essa autoconfiança, mas sem criar arrogância”, discorreu.

O desejo pela luta surgiu pelo arredor familiar de Tiago, atrelado a problemas psicológicos no passado. “Meu pai tinha depressão, mas não era tratado como hoje. Ele ficava muito fechado no quarto e descontava a raiva dele em mim, física e psicologicamente. O jiu-jitsu foi meu refúgio”, detalhou o professor.

*Sob a supervisão do editor Léo Santana

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