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Momento delicado! - 07/10/2025, 22:16 - Da Redação

Ex-Bahia, Ratão conta experiências com depressão, festas e álcool

Indisciplina fez o atacante ser dispensado da base do São Paulo

Rafael Ratão jogou pelo Bahia em 2023 e 2024
Rafael Ratão jogou pelo Bahia em 2023 e 2024 |  Foto: Letícia Martins/EC Bahia

Ex-Bahia e atualmente em destaque no futebol japonês, Rafael Ratão relembrou os problemas de comportamento que marcaram o início da carreira. Em entrevista ao ge, o atacante de 29 anos falou abertamente sobre indisciplina, dificuldades pessoais e o processo de superação.

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"Era uma bomba-relógio", definiu Ratão, que também passou pela base do São Paulo, além de Ponte Preta e futebol francês antes de se firmar fora do país. O jogador contou que, ainda na base do Tricolor paulista, não levava a profissão a sério:

"Eu estava em uma escolinha em Limeira e fui para a base do São Paulo. Não caiu a ficha. Eu não levei a sério. Tinha folga, ia para minha cidade, curtia o baile no domingo e tinha que voltar de madrugada. Pegava metrô na Barra Funda, um ônibus até Cotia, depois um táxi até o CT. Tinha que sair às 4h ou 5h para chegar a tempo", detalhou.

"Eu sempre perdia os treinos, porque ficava no baile funk até tarde, não conseguia acordar, ia bêbado. Minha mãe ia me buscar com cinto, me colocava no busão, e eu ia só com a bolsa e as roupas", acrescentou.

Mesmo recebendo ajuda de custo e depois contrato profissional, Ratão admite que o dinheiro reforçou os erros de comportamento.

"Assinei contrato de formação e recebia R$ 2 mil reais. Para mim, estava com a vida feita. Mandava 500 para a minha mãe e ficava com o resto. Não tinha noção, aquela malandragem. Para a idade que eu tinha, era difícil ganhar isso. Eu sabia que tinha talento, mas não levava a sério, não tinha a cabeça e a formação que outros atletas tinham", contou na entrevista.

Após a saída do São Paulo, Ratão ficou meses afastado do futebol, trabalhou como servente de pedreiro e quase desistiu da carreira. Depois, teve passagens por Guarani, Ponte Preta, sempre oscilando entre boas atuações e problemas extracampo.

"Aprontei demais lá na base, mas o pessoal segurava, porque eu tinha potencial. Eu pulava muro para jogar amador e pegar um dinheiro. Minha mãe ia muito lá, porque as psicólogas reclamavam que eu aprontava. Com 17 anos, estava jogando Série A e Sul-Americana, fazendo gol no Maracanã e no Pacaembu. Estava em evidência, renovei contrato e caí em erros", disse.

O jogador confessou que a noitada sempre foi o seu ponto fraco no início da carreira. "Noitada, gostava de sair, beber, dançar, essa bagunça. A pessoa quer se livrar de problemas e vai para a festa, conhece pessoas erradas. Muitas coisas atraem, e eu caí no conto de fadas".

Hoje, em boa fase no Japão, Ratão destaca que encara a trajetória como aprendizado e segue em tratamento contra a depressão, mas em sua melhor fase como profissional.

"Sou uma pessoa melhor, mas sigo fazendo psicólogo e vou fazer até onde eu conseguir. Hoje, tenho outra cabeça, mas tem que fazer, porque no futebol tem sempre pressão por resultados, e você tem que saber lidar com isso para desempenhar em campo", contou sobre o processo de reabilitação.

Ratão diz que poderia ter sido melhor no Bahia

Antes de ir para o futebol do outro lado do mundo, Ratão jogou pelo Bahia nas temporadas de 2023 e 2024, saindo antes da temporada 2025 começar. No Tricolor de Aço foram 53 partidas, 9 gols e três assistências, segundo dados do Sofascore.

"Apareceram Besiktas, AEK, Bahia e o mesmo clube da Arábia que tinha ido atrás de mim na época da Eslováquia. Deus me testou se eu queria ir de novo pelo dinheiro. Eu estava mais próximo de Deus, queria ver sentido nas coisas. Meu empresário queria só dois anos, eles queriam três. Pedi uma direção a Deus e sonhei no mesmo dia com uma camisa azul e vermelha, mas com o símbolo da Penapolense. Com todo o respeito, não era a situação de voltar para o Penapolense. Passou dois dias, o Bahia ligou para meu empresário, e eu falei que era para a gente ir. Foi tudo rápido, larguei tudo, não queria saber de Arábia", detalhou.

Apesar de ter chegado empolgado, em um novo do Bahia com o Grupo City, Ratão conta que não terminou a passagem pelo Esquadrão como sonhava. "No futebol, não fui tão feliz, não tive tanta minutagem quanto eu queria e até que merecia, mas foi muito bom para a família. Minha esposa descobriu um câncer e se curou. Deus preparou tudo para eu estar perto da minha família. Não consegui jogar como eu queria, mas foi maravilhosa essa transição".

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