
Candidato da oposição nas eleições do Vitória, o ex-zagueiro Marcone Amaral representa a chapa Aliança Vitória SAF. O deputado estadual, que promete abandonar o cargo se for eleito, tem como principal bandeira da sua candidatura a implementação de uma SAF no clube, além da venda para um investidor estrangeiro.
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Em entrevista exclusiva ao Portal A TARDE, Marcone voltou a falar sobre sua relação com membros da família real do Catar, país onde construiu carreira enquanto atleta profissional. O candidato promete levar o nome do Vitória em tentativa de aproximação com a Qatar Sports Investments (QSI), organização acionária administrada pelo governo catari e que comanda o Paris Saint-Germain.
“Deixei um relacionamento muito forte no Catar. Queremos usar essa influência para ajudar o Vitória. Ganhando a eleição, oficialmente já tenho a viagem marcada para o dia 28 de dezembro, nós iremos priorizar essa pauta que é a mais importante nessa minha viagem. Para que o Vitória seja visto, seja, de alguma forma, oferecido. Para que a QSI possa vir aqui para a Bahia", prometeu Marcone.
Através do Movimento Vitória SAF, Marcone chegou a estar anexado no Grupo de Trabalho da SAF montado pela diretoria de Fábio Mota, atual presidente do Leão. No entanto, o candidato afirma que houve "falta de compromisso" da gestão em não priorizar o processo, o que resultou em uma polêmica saída do MVSAF, ainda acusado de "traição" por parte de Mota.
“É lamentável a postura do presidente nestas eleições. Ao invés de falar de futuro e de propostas, ele parte para ataques pessoais. O Movimento Vitória SAF percebeu que só estávamos ali por pressão da torcida, porque a torcida quer a SAF e a diretoria não. Por esse motivo que nós saímos do Grupo de Trabalho e decidimos lançar a candidatura, entendendo a oportunidade que nós temos de ajudar o clube realmente mudar o departamento de futebol, mudar a diretoria que há anos está no clube, manipulando a política do clube", criticou.
Temos a plena certeza de que, se não mudarmos agora, nós não conseguiremos atingir o objetivo de ser SAF. Essa diretoria que está aí não quer SAF. Nós vamos priorizar isso.
Além disso, Marcone vê o clube baiano já com "dois anos sem conseguir fazer futebol competitivo". Para ele, o departamento de futebol rubro-negro é um problema grave na atual gestão e precisa de uma reformulação completa. “Entendemos que tem muita falha dentro do departamento de futebol, no setor de inteligência. Não entendemos como foram permitidas as contratações de jogadores que não vinham nem rendendo nos últimos anos".
"Esse é o motivo no qual eu sou candidato hoje, entendendo que eu posso de alguma forma ajudar o clube, oportunizando para que chegue um investidor e que traga no futuro um time competitivo, uma Arena Barradão, uma base que volte a revelar novamente e que a gente não fique todo ano brigando para não cair para a Segunda Divisão”, lamentou.
De acordo com Marcone, além dele, a escolha dos sócios também precisa incluir sua chapa inteira. Kito Magalhães é candidato a vice-presidente do Conselho Gestor, Vagner Reis (presidente) e Ícaro Argolo (vice) concorrem para o Deliberativo, enquanto os candidatos do Fiscal são Valmar Sant'anna (presidência) e Domingos Arjones (vice).
“Os conselhos do Vitória hoje são ‘do amém’, que fazem aquilo que o gestor quer. Nossos candidatos do Conselho Deliberativo e Fiscal têm um só pensamento, enquanto eles demonstram divergência de discursos sobre a SAF. É entrar no clube, buscar um investidor que faça a diferença, que traga investimentos robustos”, indicou.
Marcone critica Arena Barradão
Após a apresentação da Arena Barradão, um dos projetos mais ambiciosos da atual diretoria do Vitória, Marcone se posicionou contra a idealização por entender que causaria um conflito de interesses para a venda da futura SAF do clube.
"Nenhum investidor no mundo entra em um clube sabendo que o ativo mais importante, que é o estádio, já está na mão de outro parceiro. Nós sonhamos com a Arena Barradão confortável, mas tem que fazer da forma certa. Primeiro tem que trazer o investidor, para que ele faça o time competitivo e a Arena Barradão de acordo com o tamanho do clube, que tem que ser, na minha opinião, muito maior e melhor do que foi apresentado", explicou.
O candidato ao Conselho Gestor também falou sobre seus principais planos para caso seja eleito. Um dos primeiros passos é não seguir com o executivo de futebol Gustavo Vieira, o qual Marcone considera um profissional "sem nenhum protagonismo dentro do futebol". O ex-zagueiro afirma que o novo gestor esportivo já seria anunciado no domingo (14), um dia após as eleições.
“Primeiro é trazer um executivo de futebol renomado, com títulos e conhecimento no mercado, isso é uma prioridade para nós. Logo no domingo já será anunciado esse nome, se formos eleitos. Temos também um planejamento de reformulação da equipe. Precisamos entender que jogar a Série A não será com os jogadores que temos. Lógico, tem jogadores que nós entendemos que vão ficar, mas temos um plano de reformulação. Agora no primeiro semestre, por conta do calendário, vamos fazer a inserção de jogadores da divisão de base", detalhou.
"Fazer uma reformulação total na direção de futebol, no departamento de futebol, que no nosso entendimento é um departamento amador, que gasta muito, contrata mal, jogadores ineficientes, e que todo ano briga para não cair para a Série B”, completou.
Marcone finalizou falando sobre seu projeto para a divisão de base do Rubro-Negro. Revelado na Toca do Leão, ele afirma ter participado da "maior base da história do Brasil" e diz saber os caminhos ideais para as categorias juniores do clube voltarem ao protagonismo dos anos 90 e 2000.
"Vamos estabelecer três políticas necessárias: captação, formação e revelação. Hoje o Vitória faz a captação muito mal, a formação é feita por pessoas que não têm experiência dentro do futebol e a revelação não se dá espaço pelo número de contratações que é feita no clube. Dessa forma, os jogadores de base nunca vão ter oportunidade de jogar, então nós vamos mudar isso”, finalizou.
