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Copa do Qatar - 11/11/2022, 08:00 - Rodrigo Almonacid

Confiante, Cafú diz: “Sempre é bom chegar como favorito"

Capitão do penta disse que aposta suas fichas no hexa em 2022

Ex-jogador aposta na boa fase de Neymar, mas pede atenção à Argentina de Messi
Ex-jogador aposta na boa fase de Neymar, mas pede atenção à Argentina de Messi |  Foto: Pedro Ugarte / AFP

Até o momento em que Cafu, flagrantemente emocionado, levantou a taça do penta da Seleção Brasileira e homenageou suas origens do Jardim Irene-SP, muita água rolou.

A equipe trocou de técnico durante as Eliminatórias, sofreu com altos e baixos e só se classificou para a Copa no jogo derradeiro. Assim, em meio a muitas críticas e com uma aposta de última hora num supertrio de ataque – com Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho e um Ronaldo recém-recuperado de grave lesão – o Brasil não chegou ao Mundial do Japão e da Coreia do Sul como favorito. Eram mais badalados a França de Zidane e a Argentina de Marcelo Bielsa.

Pois essas duas caíram na fase de grupos, enquanto a Amarelinha ia destroçando adversários, sempre com a marca da disciplina e seriedade de Cafu. Porém, ao comparar os cenários, ele não tem dúvidas ao cravar que teria preferido chegar à Copa com as credenciais da Seleção atual.

“Sempre é bom chegar como favorito, dá uma moral muito grande“, disse, em entrevista à AFP, na qual ele também avalia o bom momento de Neymar e a solidez do comando do técnico Tite, do alto de seus 52 anos de idade e vivência no futebol, para imaginar o Brasil rompendo no Qatar o domínio europeu nas últimas quatro Copas.

Na entrevista, o capitão do penta disse que aposta suas fichas no hexa em 2022, mas adverte sobre a “favoritíssima” Argentina de Lionel Messi.

Há 20 anos o Brasil não ganha o Mundial. Essa seca pode acabar no Qatar?

A Copa no Qatar é uma grande oportunidade para quebrar esse domínio europeu. Esse é o momento certo para a Seleção Brasileira quebrar esse tabu e conquistar o título. Tanto a Argentina como o Brasil são duas seleções favoritíssimas. O Brasil vem de uma temporada muito boa, em relação aos seus jogos. Argentina tem um conjunto muito bom também. Eu vejo duas seleções com um potencial muito grande de ganhar a Copa do Mundo.

Do que você mais gosta no time de Tite?

É o conjunto. Hoje nós temos um leque muito forte de jogadores que podem resolver o jogo a qualquer momento. O ponto forte da Seleção de Tite é exatamente isso: a união que eles têm dentro do campo. Eles sabem que não dependem unicamente de um jogador para ganhar a Copa, e isso vai ajudar bastante.

O bom nível de Neymar aumenta as chances do hexa?

Com Neymar bem, nós temos aí uma chance muito grande de ganhar a Copa do Mundo, porque Neymar é um jogador diferenciado, é um jogador que realmente faz a diferença dentro do campo. Nós colocamos as nossas esperanças em cima daquilo que ele pode fazer, mas Neymar não joga sozinho. Ele estando bem, estando motivado, estando animado para essa Copa do Mundo, eu tenho certeza que essa animação vai cativar os outros jogadores.

Danilo parece ser o titular como lateral direito, mas o que você acha de um zagueiro, como Éder Militão, poder cumprir a função?

Eu gosto da ideia de usar um zagueiro como lateral, gosto muito dessa ideia, até porque o Militão já jogou na lateral, já vem desempenhando essa função há algum tempo. Ele não vai ter nenhum problema. Dependendo da situação de jogo, pode soltar ele para o ataque ou você pode fazer com três zagueiros e liberar o meio-campo.

A Copa do Qatar será a última de vários astros. Jogadores jovens como Vinícius Júnior e Kylian Mbappé estão à altura dos que estão saindo de cena?

É uma pena ver esses craques se aposentando, mas é a lei natural do futebol. Temos que saber o momento certo de parar. Eles podem chegar a esse nível [os novos craques], mas ainda não estão no nível desses grandes campeões, como Neymar, Messi, Lewandowski, Cristiano, que foram os melhores do mundo. Mas, sim, Vinícius pode chegar a esse nível como jogador.

Quais seleções podem surpreender no Mundial?

Bélgica, Dinamarca, Portugal e Sérvia, por incrível que pareça. Porque a Sérvia se classificou como primeira do grupo, foi uma das primeiras classificadas, tem jogado muito bem, tem um conjunto forte e joga futebol, não tem medo de adversário nenhum.

O que você mais lembra da Seleção de 2002?

Para mim, foi a melhor Seleção Brasileira dos últimos tempos. Uma Seleção vencedora, que fez sete jogos, teve sete vitórias, melhor ataque, melhor defesa. Tudo mundo batendo todo tipo de recordes e jogando futebol bonito. Ser campeão, e em cima da Alemanha, essa é uma lembrança que vai ficar pelo resto de nossas vidas. E ter a oportunidade de, como capitão, levantar a taça. É maravilhoso ter a Copa na mão, aquela sensação de nós sermos campeões, a sensação do dever cumprido. Se pudesse, seria campeão todo dia porque é uma sensação muito grande.

Muitos questionam o futebol do Brasil campeão em 1994. O que você diz?

Só critica quem não é campeão. Como é que você pode criticar quem foi campeão do mundo? Não tem como, é campeão de mundo! Não é qualquer um que é campeão do mundo. O Brasil só é pentacampeão porque alguém foi tetracampeão em 94.

Você ganhou duas Copas e perdeu a final na França em 1998. Essa derrota pesa?

Se aprende, se aprende com essa sensação ruim. Eu não carrego esse peso de ser vice-campeão, pelo contrário. Nós chegamos à final de uma competição tão importante como é a Copa do Mundo, então, nós temos que levar em conta a importância de ser vice.

O Brasil chegou ao Mundial de 2002 sendo muito questionado. Para o Qatar, é favorito. O que é melhor?

Sempre é bom chegar como favorito, dá uma moral muito grande chegar como favorito. Seja com as pessoas te respeitando, destacando seu trabalho, mas sabendo que a qualquer momento, se eles vacilarem, vão perder o jogo.

Os torcedores brasileiros se afastaram da Seleção nos últimos anos. Por quê?

Pelo fato do Brasil ficar 20 anos sem conquistar o título. O Brasil ficou 20 anos sem conquistar o título e isso afasta um pouco a torcida brasileira, isso tira um pouco a credibilidade da Seleção. Mas eu acho que essa credibilidade já voltou.

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