O clássico entre Brasil e Argentina não ficou marcado apenas pela derrota brasileira dentro do campo, mas também fora dele. A briga generalizada nas arquibancadas do Maracanã tem como responsável a CBF, ao menos é o que diz a Fifa.
Segundo o ge.globo, um artigo do Código de Disciplina da entidade deixa claro que a equipe mandante tem que assumir as rédeas da segurança do estádio em que ocorrer a partida. Vale lembrar que foi organizado um setor misto de torcedores no Maraca, com brasileiros e argentinos juntos.
"Os clubes e federações mandantes são responsáveis pela ordem e segurança dentro e ao redor do estádio antes, durante e depois dos jogos. [...] São responsáveis por incidentes de qualquer tipo", diz artigo 17 do Código de Disciplina da Fifa.
Ainda consta no texto que o mandante responsável pela segurança, a CBF neste caso, tem a função de "avaliar o grau de risco do jogo e notificar a Fifa" para "garantir a segurança de jogadores e dirigentes da equipe visitante durante sua estadia".
Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, assistiu a partida e em consequência a briga nas arquibancadas do Maracanã. O dirigente não se manifestou individualmente, mas um comunicado da federação brasileira foi divulgado na madrugada desta quarta-feira (22).
Na nota, a CBF garantiu que todo o planejamento e segurança para o jogo foram aprovadas anteriormente, citando diversas instituições como a Polícia Militar do Rio, Ministério Público, além de representantes da Conmebol, Fifa e do estádio do Maracanã. Também foi dito que o setor misto de torcedores é um "padrão" das Eliminatórias e da própria Copa do Mundo.
Leia abaixo o comunicado da CBF na íntegra:
"A Confederação Brasileira de Futebol vem prestar os seguintes esclarecimentos sobre os incidentes ocorridos no jogo Brasil x Argentina, realizado nesta terça-feira 21/11/2023, no Maracanã, válido pelas Eliminatórias da Copa do Mundo FIFA 2023.
É importante esclarecer que a organização e planejamento da partida foi realizada de forma cuidadosa e estratégica pela CBF, em conjunto e em constante diálogo com todos os órgãos públicos competentes, especialmente a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro.
Todo o planejamento do jogo, em especial o plano de ação e o de segurança, foram sim debatidos com as autoridades públicas do Rio de Janeiro em reuniões realizadas entre as partes.
Os planos de ação e segurança foram aprovados sem qualquer ressalva ou recomendação pelas autoridades de segurança pública presentes (Polícia Militar RJ, SEPOL, Ministério Público, Juizado do Torcedor, Guarda Municipal, CET-RIO, Subprefeitura, Concessionária Maracanã, SEOP, etc.), dentre as quais a Polícia Militar do RJ, na primeira reunião realizada na sede da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ), no dia 16 de novembro de 2023, às 11:00h. Além dos planos de ação e segurança, os participantes da reunião trataram também de toda a montagem da operação da partida, contando com a participação de todas as partes diretamente envolvidas e responsáveis pela organização da partida e autoridades públicas.
Na segunda (20), o plano operacional para o jogo foi igualmente aprovado sem qualquer ressalva ou recomendação na reunião realizada no Estádio Maracanã, com a presença da CBF, representantes da CONMEBOL, da Polícia Militar RJ, das empresas responsáveis pela operação do Maracanã, e que operam mais de 70 jogos no estádio por ano, e outras autoridades públicas.
A realização da partida com torcida mista sempre foi de ciência da Polícia Militar do RJ e das demais autoridades públicas, pois é o padrão em competições organizadas pela FIFA e CONMEBOL, como ocorre nas Eliminatórias da Copa do Mundo, na própria Copa do Mundo, Copa América e outras competições. Outros jogos entre Brasil e Argentina, até de maior apelo, como a semifinal da Copa América de 2019, também foram disputados com torcida mista. Não se trata de um modelo inventado ou imposto pela CBF.
Ou seja, todo o plano de ação e segurança foi elaborado e dimensionado já considerando classificação do jogo como vermelha e com a presença de torcida mista, tanto que atuaram na segurança da partida 1050 vigilantes privados e mais de 700 policiais militares da Polícia Militar RJ.
Portanto, a CBF reafirma que foram cumpridos rigorosamente o plano de ação, de segurança e operação da partida, tal qual foram aprovados pela Polícia Militar RJ e demais autoridades.
Por fim, a única recomendação recebida pela CBF de qualquer autoridade pública ao longo de todo o período que antecedeu a partida entre Brasil e Argentina, foi uma recomendação do Ministério Público, da 2ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Ordem Urbanística da Capital, para que “NÃO realizem partidas de futebol no ano de 2023 com o formato de disponibilização da carga total de ingressos através de um tíquete eletrônico apresentado mediante exibição do aparelho de telefonia celular, tal como ocorrido na partida da final da Copa Libertadores no dia 04 de novembro de 2023” e que “Exijam no ano de 2023 dos torcedores que se aproximem das catracas a exibição de evidência física (tíquete de papel e/ou cartão de sócio torcedores) de que o torcedor possui um tíquete de ingresso para se aproximar das catracas do Estádio Mário Filho – Maracanã, de modo a evitar a invasão de torcedores que não possuam ingressos para assistir à partida.”
A CBF pode ser penalizada por violar o Código de Disciplina da Fifa, seja com punições mais brandas como multas ou advertências, podendo chegar ao extremo de jogo com portões fechados, proibição de mandar jogos em um estádio específico, perda de mando ou até de pontos, além da exclusão de competições.