
A baiana Isabella Mendes, de apenas 12 anos de idade, foi destaque no quadro ‘Pequenos Gênios’, do programa Domingão com Huck, da TV Globo, e conquistou o coração do público com seu talento e inteligência ao longo dos episódios, além de ter feito um discurso emocionante na final da competição.
O que os telespectadores não sabem é que os bastidores da vida da menina são ainda mais inspiradores do que foi possível ver na telinha.
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Natural da cidade de Irecê, no interior da Bahia, Isabella tem um Quociente de Inteligência (QI) elevado e foi diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG). Na prática, ela vive a condição de dupla excepcionalidade, que é quando uma pessoa neurodivergente tem altas habilidades.
Para a criança e sua família, os diagnósticos não chegaram como uma sentença de limitações ou problemas. Na verdade, eles se tornaram a bússola capaz de direcioná-los ao acompanhamento correto para estimular talentos e tudo o que há de melhor dentro dessas condições.
Diagnóstico trouxe alívio e deu direção

A estudante de psicologia Erislene Mendes, mãe da ‘pequena gênia’, revelou como foi o processo de identificar a excepcionalidade de Isabella Mendes. Segundo o relato dela, os sinais começaram a aparecer desde a primeira infância, mas a necessidade de buscar um diagnóstico definitivo só veio após um episódio de bullying.
“Nós iniciamos o tratamento dela aos 5 anos de idade, depois de um processo de bullying na escola. Eu enquanto mãe percebia que havia uma diferença ali, né? Porque o brincar de Bela sempre foi muito diferente. Bela nunca gostou muito de brincar desse negócio de bonequinha, dessas brincadeiras que são naturais de meninas. A curiosidade de Bela sempre foi muito grande”, disse ela ao MASSA!.
Outro ponto que gerou algumas dificuldades de socialização com os coleguinhas foi a facilidade com que ela aprendia as matérias escolares. A mãe falou que Isabella sempre fazia as tarefas de casa sozinha e recusava apoio. “Teve um dia que ela disse: ‘Não, mãe, você muito mais me empata do que me ajuda’”, relembrou.
Erislene contou que não havia psiquiatra infantil em Irecê na época em que surgiu a necessidade de iniciar o tratamento de Isabella. A solução da família foi viajar até Feira de Santana para encontrar um profissional adequado. Foi então que os diagnósticos surgiram, trazendo alívio e compreensão.

Atualmente, a garota continua focada em seus estudos e recebendo direcionamentos. Ela confessou que se dedica a todas as disciplinas e investe em conhecer assuntos variados, mas tem um carinho especial por algumas áreas do conhecimento. "Eu gosto mais de estudar astronomia, engenharia, xadrez e matemática", explicou.
Relação com a família e infância comum
Isabella contou que, apesar de suas altas habilidades, ela tem uma infância e rotina familiar comuns, dividindo com os irmãos as tarefas de casa e as brincadeiras. A menina de 12 anos também cuida de seus dois irmãos, Isaac, de 11, e Ian Lucca, de 2 anos, sempre que necessário.

A pequena gênia baiana revelou que tem uma afinidade especial com o irmão Isaac, pois ele também tem TDAH e TAG. Os dois não costumam estudar juntos, pois preferem aprender sozinhos, mas se apoiam e se entendem.
“Meu irmão, ele é igual a mim quando ele tem uma tarefa de casa. Ele não gosta de que ajude ele a fazer, ele faz o jeito dele e eu faço do meu também, que eu não tenho paciência para quem vem me explicar as coisas que eu já sei não”, brincou.
Já o pequeno Ian é a diversão da casa e faz todo mundo entrar no mundo mágico dos bebês. “A gente fica brincando de pizza, a gente brinca de correr, de cavalinho. A minha coluna fica um pouco afetada, mas tá tudo certo”, disse ela em meio a risadas.

Dona Erislene Mendes fica muito orgulhosa dos filhos e se emociona ao falar sobre a conexão deles: “Tanto Isaque quanto Bela, eles se ajudam. Isaque foi uma criança que sempre esteve muito próximo de Bela, sempre apoiou muito Bela nos momentos mais difíceis da vida dela, mesmo ele pequenininho ali sem compreender direito, mas ele era uma criança que estava ali sempre próximo, né? Então assim, é uma força, é uma união muito grande”.
Eu falo sempre para o meu esposo que nós fomos bem abençoados mesmo por Deus, porque são crianças maravilhosas
Os pais de Isabella Mendes se esforçaram para passar os valores e princípios que acham corretos para os três filhos. Agora que a fama chegou depois da repercussão na televisão foi possível ver que esses ensinamentos ficaram enraizados, pois a humildade permaneceu.
“Bela mesmo tendo um QI acima da média e tendo um potencial elevado, ela nunca foi aquela criança soberba, de dizer em sala de aula: "Eu sei mais do que você ou ou eu sou melhor". Não, mesmo depois do programa que tem essa repercussão toda, Bela continua sendo a mesma criança que ela sempre foi”, pontuou Erislene.
Assim como todas as crianças, ela também já pensa no futuro: “Quando eu crescer, eu quero ser jogadora profissional de xadrez, engenheira aeronáutica e aeroespacial”.
Pequenos Gênios trouxe impactos positivos

A participação no Pequenos Gênios impactou positivamente a vida da pequena Isabella Mendes em vários aspectos. Além do reconhecimento das pessoas que acompanharam a competição, se sentiram representadas e criaram carinho por ela e sua equipe, a menina também se sentiu realizada em poder representar a Bahia dessa forma.
Para mim está sendo uma oportunidade incrível poder apresentar a região da Bahia de uma forma que as pessoas gostaram
A ida à Rede Globo também transformou a rotina no colégio e fez o tempo de dificuldade para se comunicar com outras crianças ficar para trás. "Eu acho que eu conheço todo mundo da escola agora, todo mundo já veio falar comigo", comemorou.
Erislene Mendes explicou que a família teve que se organizar para conciliar a vida pessoal da filha com as gravações do programa. “A gente teve que fazer todo um planejamento, né? Porque precisava se dedicar para o Pequenos Gênios, mas também precisava continuar a se dedicar com as atividades que ela já tinha, com as atividades da escola, com o futebol, que é a paixão dela”, relatou.

A mãe da garota comentou que a participação no programa também proporcionou a Isabella um sentimento de pertencimento. Aos poucos, ela venceu as dificuldades de comunicação com pessoas da mesma idade e se sentiu parte de um grupo.
“Ela se enxergou ao participar com essas crianças, vivenciar com aquelas crianças nossas viagens do Rio, de ter aquele grupo de 24 crianças ali com habilidades gigantescas, então ela conseguiu se sentir pertencente àquela tribo, como ela mesma fala”, descreveu Erislene.
Eles são amigos que vão ficar agora para o resto da minha vida

O trabalho em equipe durante as dinâmicas do Domingão com Huck gerou uma grande amizade. “Os Globogênios, que é composta por mim, pela Helena e pelo Nicolas, não é agora só uma equipe, ela é uma família, porque eu criei lanças importantes com a Helena e com o Nicolas, que são crianças incríveis”, concluiu Isabella Mendes.