O período da ditadura foi um dos mais sombrios da história do país. Os cidadãos precisavam sobreviver a um regime autoritário, que usava da tortura e censura como ferramentas para controlar a opinião pública. Em meio a um cenário de terror, muitas famílias tiveram que lutar contra o regime para que suas histórias não fossem apagadas. Um caso que exemplifica esse cenário é o da família Paiva.
Após presenciar o desaparecimento de um familiar por conta da ditadura, o escritor Marcelo Rubens Paiva decidiu eternizar essa história em seu livro Ainda Estou Aqui. Depois de mobilizar o mundo nas páginas, a trama ganhou uma adaptação cinematográfica. Carregando o mesmo nome do livro e direção de Walter Salles, o filme estreou em novembro com um enredo que emociona.
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A trama acompanha uma vida comum de Rubens, Eunice e seus cinco filhos durante a década de 1970. Tudo se transforma quando Rubens, que era um ex-deputado, é levado por militares e desaparece.
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A maneira como o diretor mostra esse desaparecimento é crua e realista. A obra consegue retratar o horror de perder alguém que ama de forma repentina. Com um enredo pesado, o longa ganhou destaque por concorrer a premiação importantes. Fernanda Torres levou o prêmio de Melhor Atriz de Filme de Drama no Globo de Ouro. Além disso, o filme está na corrida pelo Oscar de Melhor Filme Internacional.
Fernanda Torres brilha
Mas esse horror não se resume apenas ao desaparecimento de um pai, mas também inclui a busca irrefreável de uma mãe por respostas. Fernanda Torres, que dá vida a Eunice, entrega uma das melhores performances de sua carreira.
A personagem vive a dualidade entre descobrir o que aconteceu com o marido e continuar cuidando de seus filhos. Por meio do olhar, a atriz representa a dor carregada por aquela personagem.
Além da protagonista, todo o elenco entrega atuações de peso. Os destaques vão para Selton Mello e Fernanda Montenegro, que apesar de aparecer pouco consegue entregar uma performance poderosa. Em meio a um cenário onde a democracia está sendo colocada em cheque, a obra consegue relembrar o Brasil de seu passado sombrio com a ditadura.
Veredito
Ainda Estou Aqui é um filme essencial. Seja para o país revisitar sua história, seja para dar voz às histórias que acabam sendo esquecidas, ou seja, para enfatizar a importância da democracia, o longa consegue ser eficaz em retratar o quão absurdo é um regime ditatorial.
*Sob a supervisão do editor Jefferson Domingos