
Após o influencer baiano Júnior Caldeirão, que conta com mais de 6 milhões de seguidores no Instagram e 13 milhões no TikTok, denunciar nas redes sociais, no último final semana, que ele e sua família foram vítimas de ataques racistas, homofóbicos, agressões físicas e tortura durante uma abordagem policial na Bahia, criadores de conteúdo no Estado e um ativista LGBTQIAPN+ se manifestaram sobre a ação violenta da PM baiana contra Caldeirão.
Em entrevista ao Portal Massa! o dançarino e influencer Samuel Borges prestou solidariedade ao influencer e pontuou que devemos tratar os racistas e homofóbicos com tolerância zero.

"Eu acho que as agressões contra o Junior reflete nada menos que os pensamentos irresponsáveis que foram disseminado nos últimos anos, principalmente pelos chefes do nosso Estado, do nosso País, que exigia todo o estímulo a violência ao povo preto, toda a nossa comunidade LGBQIAPN+. Eu como produtor de conta digital, artista preto e integrante da comunidade, me sinto altamente agredido com as imagens que vem circulando, as atitudes brutulentas, camufladas pelas fardas responsáveis justamente pela nossa proteção. Deixo a minha solidariedade a Junior e a sua família para que possam se reconstruir, para que os envolvidos sejam legalmente punidos, para que possamos dar os devidos nomes aos crimes e não apenas abafar as consequências de ações policiais. Isso são ações inadmissíveis e não iremos mais tolerar crimes de cor, raça, de gênero em nosso país, muito menos em nosso estado", declarou Samuel Borges.
Me sinto altamente agredido com as imagens que vem circulando, as atitudes brutulentas, camufladas pelas fardas responsáveis justamente pela nossa proteção
Samuel Borges, dançarino e influencer
Quem se manifestou também sobre o caso para o Portal Massa! foi o influencer e criador de conteúdo sobre moda masculina Yuri Anderson. Ele pontuou que a sociedade não pode ficar de braços cruzados diante de ataques como aconteceram com o Junior e pediu que os responsáveis pelos atos sejam punidos.

"Eu fiquei totalmente estarrecido com tudo que aconteceu, sabe? É muito triste saber que nós continuamos sendo alvo dessa sociedade. Até quando nós, pessoas negras, vamos continuar sendo culpabilizadas, acusadas e agredidas? Será que nós temos mesmo que ser tudo isso e devemos ficar de braços cruzados e observando? Antes de qualquer coisa nós enquanto população só queremos nos sentir protegidos. O esperado é que eles enquanto autoridade social tenha o controle próprio, saibam punir corretamente e saibam instruir quando for necessário", disse ele, que continou:
"E essas situações quando acontecem, ela serve para que nós enquanto sociedade continuemos refletindo sobre como nós estamos e somos norteados por princípios, por fundamento, que praticamente todas as vezes vão de encontro ao racismo, preconceito, homofobia e tolerância. Junior e a sua família foram vítimas de abuso de autoridade. Eles sabiam quem era Junior, a relevância dele dentro das redes sociais, mas escolheram continuar violentando. A gente espera mesmo que a justiça seja feita e deixo a minha solidariedade para Junior e todo mundo que foi agredido naquele dia", declarou.
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Genilson Coutinho, ativista baiano em prol da causa LGBTQIA+, repudiou a ação violenta da PM contra Junior e a sua família e lembrou que a Bahia é um dos estados que registra maior índice de crimes contra a comunidade LGBTs.

"É importante essa denúncia dele porque como ele é uma pessoa que está na mídia e que todo mundo conhece ele traz à tona uma realidade que muitos LGBTs que não estão nesse papel de influência, que não são conhecidos e que silencia com medo de denunciar e sofrer algum tipo de violência futura. A gente não pode silenciar jamais diante de violências como essa, principalmente vindo de um servidor público que está ali para nos atender. A gente não pode permanecer nessa violência que todos os anos cresce nos dados divulgados pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), que coloca a Bahia como o estado que mais mata pessoas LGBT. Precisamos discutir, falar sobre isso e buscar caminhos juntos ao governo para que a situação como essa de Junior, que é uma pessoa conhecida, não aconteça com aqueles que ninguém conhece. Isso é inaceitável", finalizou o ativista.