
A denúncia do influencer baiano Junior Caldeirão contra ações de policiais militares durante uma abordagem no Festival Madre Verão Plus 2023, no município baiano de Madre de Deus, no final de semana, chocou e causou comoção entre os internautas nas redes sociais.
O criador de conteúdo publicou uma sequência de stories em seu perfil no Instagram, na madrugada de domingo (29), relatando que ele e sua família foram vítimas de ataques racistas e homofóbicos durante a ação policial. Junior Caldeirão ainda revelou que seus familiares foram espancados e ameaçados de morte pelos policiais militares.
Saiba como tudo aconteceu de forma detalhada
Junior Caldeirão contou que o ataque começou quando seu primo foi barrado por policiais enquanto saía da festa junto de sua namorada a caminho de casa. Durante a abordagem, os policiais alegaram que o familiar do influencer teria sido barrado porque estava roubando no local. Ao negar e questionar as acusações, o rapaz teria sido espancado por policiais.
Um outro familiar de Junior Caldeirão tentou intervir na situação, mas foi detido pelos policiais e também foi levado para a delegacia. O influencer compartilhou alguns vídeos em seu perfil no Twitter onde militares foram flagrados pelo público agredindo seus familiares. Click aqui e leia a notícia completa
O Portal Massa! entrou em contato com a Polícia Civil da Bahia (PC-BA) e foi informado que a ocorrência foi registrada pela Delegacia Virtual, por se tratar de policiais militares em serviço, o caso será apurado pela Corregedoria da corporação. Já a Polícia Militar da Bahia não respondeu ao Portal sobre o caso.
Análise Criminal
Inquieto sobre o assunto, o Portal Massa! conversou com Carlos Neto, advogado baiano e professor criminalista. Questionado sobre as denuncias feitas pelo influenciador Junior Caldeirão, o advogado analisou o relato e comentou sobre os possíveis crimes que os policias militares podem ter cometido durante a abordagem: calúnia, abuso de autoridade, racismo e tortura.
Vi também o influencer dizendo que jogaram água no rosto do familiar quando ele pediu água e isso se configura como tortura
Carlos Neto, advogado
"Quando o policial acusa uma pessoa de fazer algo, ele pratica o crime de calúnia. No momento em que o militar agride é [configurado] como crime de abuso de autoridade. Percebi no vídeo que Junior Caldeirão falou que os policiais fizeram chacota e o chamaram de 'vi@do'. Eles podem responder por homofobia, que hoje também está relacionada ao racismo. Vi também o influencer dizendo que jogaram água no rosto do familiar quando ele pediu água e isso se configura como tortura", iniciou.
De acordo com o relato de Junior Caldeirão sobre agressões físicas cometidas pelos militares, o advogado Carlos Neto pontuou o que deve ser feito diante dessas situações. "A pessoa deve se dirigir até a corregedoria da Polícia Militar e fazer uma denúncia, [onde] será aberto um inquérito administrativo para apurar a situação. A pessoa também pode entrar com uma ação diretamente no Estado", declarou.
"Como houve lesão corporal, [de acordo com o influencer], [as vítimas] deveriam se dirigir até uma delegacia para prestar queixa da guarnição que o abordou. O delegado deveria emitir um exame de corpo de delito e o DPT [iria emitir] o laudo médico informando qual foi os tipos de hematomas e agressões que eles tiveram", completou o criminalista.