Basta entrar em qualquer rede social e navegar por alguns segundos para se deparar com o putetê em ritmo de seresta do Gângster do Arrocha. Estourado há semanas, o hit 'Resenha do Arrocha', do baiano Jonathan Eskine, ou J. Eskine, conquistou não apenas os corações da Bahia, como também do Brasil.
A pegada diferenciada de J. Eskine com 'Resenha do Arrocha' fez com que a música estourasse em tempo recorde. Lançado no dia 29 de novembro, o hit já ocupa o primeiro lugar entre os virais mais ouvidos no Brasil, segundo a plataforma de reprodução Spotify.
Apesar do sucesso no arrocha, a carreira de J. Eskine começou por um caminho diferente e distante do gênero. Com motivação para a vida artística desde cedo, Jonathan, de 25 anos, frequentava o Espaço Cultural Alagados, no bairro do Uruguai, na Cidade Baixa de Salvador, ainda durante a escola.
No espaço, o baiano teve os primeiros contatos com a música, sobretudo com a percussão. Mas somente anos depois, ao ser influenciado por um amigo que já tocava violão, decidiu dar um pontapé na carreira e começar a fazer aulas do instrumento.
“Eu sabia que meu tio, que é da Igreja, tinha um violão velho. Cheguei em casa, peguei o violão, fiquei uma semana com as notas e aprendi a música. Daí em diante foi só internet, madrugada, tentando aprender. E quando eu fui em uma aula, estava mais avançado que os alunos e virei auxiliar do professor”, contou Jonathan em entrevista ao Portal MASSA!.
O tempo passou e a vontade de crescer na música continuou, o que fez Jonathan criar sua primeira banda ao lado de amigos. Chamada de Banda Eskine, o grupo se apresentava com gêneros como MPB, rock, rap e reggae. “Eu dei esse nome, hoje não lembro o significado muito bem, mas era forte, fiquei pesquisando”, brincou o cantor.
A partir de então, Jonathan foi convidado para participar de um grupo de rap, no qual, inicialmente, ele tocava guitarra, até descobrir o jeito para a composição. Assim, o artista passou a não apenas produzir os beats do gênero, como também a cantar suas rimas.
“Nessa caminhada, eu precisava me manter. Eu já tinha feito algumas poesias em ‘busão’ a caminho de evento de rap, que já é algo da cultura fazer poesia em coletivos, é a Poesia Marginal. Além disso, eu pensei em começar a fazer voz e violão nos ônibus”, explica Jonathan.
Após construir referência entre os coletivos de Salvador, Eskine começou a embalar a viagem dos passageiros no Ferry-boat. Apesar dos perrengues para se apresentar nas embarcações, o cantor persistiu. “Foi na persistência. Às vezes o segurança mandava a gente descer, a gente ia, trocava ideia, depois eles se acostumaram”, lembrou.
Gângster do arrocha?
Enquanto buscava espaço na cena do rap soteropolitano, Jonathan descobriu o talento para o Arrocha. Ao participar do projeto Poesia Baiana, o cantor percebeu que a letra rimada no beat do trap se encaixaria no ritmo da sofrência, o que o fez despertar para o gênero.
“Gravei essa música no arrocha com Alef Donk, meu produtor, e não teve tanta visibilidade, mas atraiu mais coisas positivas do que quando eu cantava trap. Surgiram várias pessoas, convites, e eu pensei que o arrocha ia colar mais, até porque eu tô na Bahia”, disse J. Eskine.
O visual de Jonathan fez com que o apelido de 'Gângster do Arrocha' pegasse. Tatuado, sempre de boina e óculos escuros, o cantor chama atenção com um estilo que foge do convencional dentro do arrocha, com looks que relembram suas raízes do rap.
Com o EP 'Gângster Também Ama', J. Eskine busca se consolidar como a nova voz do arrocha no Brasil. O lançamento, com quatro faixas, promete ser a trilha sonora do verão baiano.
O sucesso
A ideia de produzir 'Resenha do Arrocha', hit que estourou nas redes sociais nas últimas semanas, surgiu pela necessidade de um lançamento para alavancar o novo EP de Eskine. Assim, o cantor reuniu duas das suas paixões - a letra do pagodão com o embalo da seresta - e criou o famoso 'naipe com arrocha'.
A gente lançou e achou que daria um boom, mas não esse boom gigantesco que deu e que tá perdurando
J. Eskine
Para Eskine, o sucesso de 'Resenha do Arrocha aconteceu pela mistura de referências, que vão desde assuntos virais da internet, como o jogo do tigrinho, até letras de pagodão. “Foi de criança até coroa. O bom dessa parada de misturar é que pegou quase todos os públicos. O público mais ‘socialite’ se atraiu de uma forma, o da periferia, os mais jovens, os mais velhos”, explicou.
Desde o lançamento, a música já foi compartilhada em todo o Brasil por artistas como Virgínia, Maísa, Oruam, Gabriel Medina e mais. Jonathan revela que o contato com as celebridades já começou e celebra o sucesso.
“Vários entrando em contato, coisa de eu nem precisar mandar mensagem dizendo que a música é minha, eles já seguem e vêm falando que estão viciados na parada”, contou Eskine.
Apesar de estar ansioso para a folia do Carnaval, Jonathan prefere manter o “pé no chão” e focar no sucesso da música no momento. “A gente tá pensando no que a gente precisa para dar mais um boom ainda do que já deu. Não só ser o artista de uma música só que bateu, porque Eskine não é só isso”, finalizou o cantor.
*Sob a supervisão do editor Jefferson Domingos
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