De vez em quando, o mundo consegue presenciar o nascimento de artistas que conseguem impactar o mundo inteiro. Amy Winehouse era um desses casos. Não existe ninguém que consiga ler o nome da cantora britânica sem recitar para si mesmo o “no, no, no” presente na canção Rehab. Amy conseguiu transformar as dores de uma vida atormentada por vícios em pura arte, sendo eternizada no álbum Back to Black.
A trajetória de sucesso da artista chegou ao fim em 2011, quando ela morreu aos 27 anos, vítima do alcoolismo. Embora curta, a vida de Amy foi memorável, seja por seu talento ou por suas polêmicas.
É com a proposta de mostrar esse lado sombrio da vida da artista que surge o filme Back to Black, nova cinebiografia que chega nesta quinta-feira (16) aos cinemas. O roteiro aborda o início da carreira da artista até o momento em que ela vai para reabilitação, período que antecede sua morte.
Veja o trailer
Marisa Abela consegue dar vida a uma Amy cheia de personalidade, problemas e sonhos, de modo que consegue recriar com perfeição o estilo de cantar da artista. Entretanto, se tratando da direção não vemos o mesmo brilho. Quando Sam Taylor-Johnson, diretora de Cinquenta Tons de Cinza, foi anunciada para o projeto, todos ficaram com um certo pé atrás.
Sam aposta em fazer o feijão com arroz, mas falha no que diz respeito à montagem do longa. O filme não indica as passagens de tempo, o que causa certa confusão na trama geral. Porém, nas sequências musicais, a diretora abre as asas e se mostra mais inspirada.
Outro momento que merece destaque é quando Amy aparece convivendo com o amor de sua vida, Blake Fielder-Civil.
Blake é uma figura controversa na vida da artista. Viciado em drogas e tendo até sido preso certa vez, ele foi considerado culpado pela recaída de Amy para o álcool mesmo depois da reabilitação.
A relação dos dois foi conturbada do início ao fim e a obra consegue transmitir isso, mostrando que ela tinha um extremo carinho — e até dependência — de alguém que não parecia merecer.
Back to Black não é tão grandioso quanto a artista no qual foi inspirado, mas conseguem cumprir seu papel como cinebiografia.
Com uma ótima protagonista e sequências musicais de arrepiar, o longa serve como uma forma de relembrar um grande talento que foi tirado de nós ainda muito cedo.
Polêmicas envolvendo o pai
Back to Black tem como proposta reviver alguns momentos pesados da vida de Amy. Essa abordagem não é nova, porém, o que chama a atenção é a maneira como Mitchell Winehouse, pai da artista, é retratado.
Assim como Blake, Mitchell também é considerado por alguns como um dos responsáveis pela morte da artista e foi acusado de negligenciar a vida da própria filha em prol da fama.
No documentário Amy, produzido pela Netflix em 2015, diversas imagens de arquivo e depoimentos foram usados para recriar a vida da cantora. O documentário faz questão de mostrar que Mitchell poderia se mostrar como alguém mais ativo no processo de reabilitação de Amy.
O mesmo não pode ser dito sobre Back to Black. O longa até mostra alguns momentos em que o pai age de forma “passiva” em relação aos vícios da cantora, mas não se importa em desenvolver o impacto que essas atitudes tiveram.
*Sob a supervisão do editor Jefferson Domingos