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CineMASSA! - 28/08/2025, 14:00 - Artur Soares

É bom? 'O Último Azul' chega aos cinemas com crítica feroz ao etarismo

Longa, que traz o ator Rodrigo Santoro no elenco, foi vencedor do Urso de Prata em Berlim

Filme tem como cenário principal a Amazônia
Filme tem como cenário principal a Amazônia |  Foto: Guillermo Garza / Desvia

Depois de ganhar os holofotes do mundo inteiro com 'Ainda Estou Aqui', o cinema brasileiro vem vivendo uma de suas melhores fases. Um dos tesouros que surgiram com essa nova maré é 'O Último Azul', que chega nesta quinta-feira (28) aos cinemas brasileiros com uma história de tocar o coração. O filme foi vencedor do Urso de Prata no Festival de Berlim, uma das mais renomadas premiações do cinema mundial.

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O filme apresenta um Brasil distópico em que os idosos com mais de 80 anos são transportados para uma colônia habitacional para viverem o tempo que lhe restam. Nesse contexto, a trama acompanha Tereza, uma senhora que está prestes a ser levada para uma dessas colônias e que decide realizar seu sonho de voar de avião antes de ser confinada pelo resto da vida.

Se ligue no trailer:

O longa dirigido por Gabriel Mascaro traz uma forte crítica ao etarismo. Em seu “Brasil alternativo”, idosos perdem o direito de decidir onde e como querem que suas vidas acabem. A mensagem conversa diretamente com a realidade atual do país, em que pessoas de mais idade muitas vezes são consideradas como um “peso” na rotina. A obra aposta em uma narrativa humana e que relembra o valor da vida independente da idade.

A justificativa para a política das colônias é o fato das pessoas mais velhas não exercerem um papel ativo na economia. Dessa forma, a crítica que Mascaro apresenta também pode ser apontada contra o próprio capitalismo, que mede o valor de uma vida com base no quão rentável ela pode ser. Além disso, o conceito de colônia remete bastante aos dos campos de concentração nazista, relembrando o quão desumano é essa postura do governo fictício em “exilar” os mais velhos.

Imagem ilustrativa da imagem É bom? 'O Último Azul' chega aos cinemas com crítica feroz ao etarismo
Foto: Guillermo Garza / Desvia

Denise Weinberg vive a protagonista, entregando uma performance poderosa e cheia de emoção. Com um carisma sem igual, Denise acaba sendo um dos grandes pilares do filme. Talentoso como de costume, Rodrigo Santoro entrega um personagem memorável. Sendo um dos principais nomes no marketing da produção, Santoro aparece por pouco tempo, mas desempenha um papel marcante na jornada de Tereza.

'O Último Azul' é uma narrativa tocante sobre envelhecimento. O filme usa o surreal ao seu favor para contar uma história que conversa com um tema mais do que atual.

Visual que transmite emoção

O filme também se destaca por sua parte estética. A obra aposta em um visual surrealista, principalmente nas cenas que envolvem o caracol baba-azul — um animal raro que libera uma gosma capaz de fazer qualquer um ter supostas visões sobre o futuro. A história é ambientada na região amazônica e o diretor sabe utilizar isso ao seu favor. Gabriel Mascaro consegue mostrar a vastidão da floresta, enfatizando o quão rica é essa parte do Brasil.

De uma forma não intencional — ou quem sabe intencional — o diretor desperta no público o sentimento de compaixão com o próprio território. Por meio de visuais deslumbrantes, Mascaro nos lembra que a Amazônia é uma riqueza brasileira e que merece ser conservada. Diferente da protagonista que luta pelo direito à sua própria vida, a Amazônia depende que nós, enquanto sociedade, tenhamos a decência de não condená-la.

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