Peguem suas guitarras e vistam-se de preto, porque hoje é dia de rock. Desde da década de 90, o dia 13 de julho é reconhecido como Dia Mundial do Rock que, apesar do nome, é comemorado apenas no Brasil. A data foi escolhida em homenagem ao Live Aid, evento que aconteceu em 1985 e reunia nomes como Led Zeppelin, David Bowie, Mick Jagger, entre outros. A apresentação fazia parte de uma campanha em prol do fim da fome na Etiópia. Apesar da tradição e história, é inegável que hoje em dia o segmento não vive seu auge comercial, como em décadas passadas. Mas a cena está firme e forte com seu público fiel, que fortalece o movimento em Salvador. Pelos cantos da cidade, lojas, casas de show e vários adeptos provam que a capital baiana também respira rock.
“Isso de que o rock morreu é papo furado. Sempre esteve vivo, mas é claro, com seus altos e baixos”, comentou Wilson Santana, um dos donos do Blá Blá Blá - Arte & Cultura. A casa de shows é voltada para esse gênero musical e dá oportunidade para bandas pequenas terem um local para se apresentar. “Eu não acho que a gente esteja em um momento decadente. Muito pelo contrário, eu acredito que o rock é uma coisa que persiste porque tem a força da juventude”, completou Tony Lopes, seu sócio.
Os dois amigos alegam que o estilo está vivendo um bom momento em Salvador. “Está havendo uma renovação do público, talvez pela reabertura após o fim da pandemia”, pontuou Wilson. Apesar disso, a dupla não nega que o cenário enfrenta perrengues dentro da capital baiana. “Não temos conseguido formar artistas com uma grande expressão hoje porque estamos sendo esmagados por uma indústria que só pensa em dinheiro”, apontou Tony.
“Embora nós temos algumas casas de shows voltadas ao rock, elas são poucas e algumas ainda passam por perrengues”, destacou Vitorio Foscarini, vocalista da banda de shoegaze Anêmona. O shoegaze é uma das inúmeras vertentes do rock. Esse tipo de música é definido por uma pegada mais triste, distorções nas melodias e um volume extremo. “Somos o nicho dentro do nicho”, reconheceu Vitorio. Ele acredita que a Anêmona serve como resistência em meio a um cenário que não dá visibilidade a esse tipo de canção.
Por ser um estilo não convencional, o vocalista admite que as pessoas costumam não entender de primeira vista. “Por mais que a pessoa tenha os ouvidos acostumados a ouvir rock, eu consigo perceber que no início elas estranham um pouco e depois entendem a onda”, explicou. O cantor acredita que a Anêmona desperta uma identificação com o público que consome suas músicas, justamente por ser um cenário restrito dentro da capital.
Apesar dos obstáculos, o ritmo continua transformando a vida de diversos soteropolitanos. “Eu não consigo imaginar minha vida se eu não ouvisse isso. O rock está entrelaçado a minha vida”, reconheceu Jessica Campos, consultora de imagem. “Meio que o rock se fundiu com o meu ser. Me moldou”, constatou Marcelo Letal, marido de Jessica e membro da banda Sequestro Relâmpago.
O casal é dono da loja Rockixe, que é voltada para esse nicho. Eles se conheceram ainda na adolescência, quando Jessica acompanhava os shows da banda de Marcelo. Depois que iniciaram a relação, eles começaram a loja de forma online e há um mês inauguraram a versão física. “Sempre que houver uma insatisfação ou querendo se expressar de uma forma consistente, não tenha dúvida, essa pessoa vai procurar o Rock ‘n Roll”, disparou o músico.
Música, Moda e Lifestyle
Para além de ser apenas um gênero musical, o rock acaba influenciando outros aspectos da vida de quem decide seguir esse tipo de cultura. Essa influência pode ser vista principalmente no modo de vestir de quem se diz rockeiro.
“Você consegue identificar o estilo de rock que a pessoa escuta pela vestimenta dela”, assegurou Jessica. Além da estética, o gênero também acaba moldando o estilo de vida de seus fãs. “O rock é mais que um gênero musical, é comportamental. É a partir disso que vem esse gancho para a moda e toda essa estética”, comentou Marcelo Letal.
“A maioria das pessoas não estão preocupadas em procurar música. Quem ouve gêneros mais populares costuma escutar música para se divertir”, afirmou o vocalista Vitório. Em contrapartida, ele afirmou acreditar que quem curte rock costuma “fazer da música um lifestyle”.
Marcelo Letal - Agenda
- 04/08, 29/09, 20/10 e 10/11: Área 51 Stúdiobar, Rio Vermelho. Horário: 22h. Ingressos: R$ 15.
Anemona - Agenda (15/07 - sábado)
- 12h - Lançamento do clipe de Dissociação, o primeiro single da banda. O clipe será lançado no YouTube.
- 18h - Show em comemoração ao lançamento do clipe, com a banda Andar de cima abrindo o espetáculo. A apresentação acontece na Casa da Felicidade, Rio Vermelho. Ingressos a R$ 20 ( no link ) e R$ 25 (no local).
Blá Blá Blá - Arte & Cultura - Agenda
- 13/07 - Show experimental da Caminhos Abertos. Antenor Cardoso no vibrafone, Heverton Diode na percussão e Normando Mendes no trompete. Participações especiais de Daniel Argolo e Ronei Jorge. Horário: 19h. Ingressos a R$ 13.
- 14/07 - Banda Ursal lançará seu novo EP. O lançamento conta com DJ, camisetas e adesivos e acontece no primeiro andar do Blá Blá Blá. Horário: 19h.
- 14/07 - Show de forrock com os cabeças de açoite. A apresentação acontece no térreo do Blá Blá Blá. Horário: 20h. Ingressos a R$ 15.
- 15/07 - Show da banda Retrofoguetes. Horário: 21h. Ingressos: R$ 35.
*Sob a supervisão do editor Jefferson Domingos