“Parece até maluquice, loucura, doideira, esse cara”. Essa frase, ou melhor, verso, remete a uma das músicas mais populares do pagodão da Bahia nos anos 2000 e até agora. Adolescente ou não, certamente, em algum momento da sua vida, você pode ter escutado essa quebradeira. Ela diz respeito à banda Pagodart, comandada por Flavinho.
Em entrevista exclusiva ao Portal MASSA!, o pagodeiro não poupou conversa e abriu o jogo sobre Carnaval, verão, TikTok e até mesmo a polêmica antiga com a "música da maconha".
Para Flavinho, a melhor festa popular é a folia momesca, que, segundo ele, não tem “para onde correr”.
“A gente fica muito feliz por participar do Carnaval, principalmente em Salvador, ainda que a gente rode esse mundão todo. Fazemos um repertório bastante eclético, mas temos uma linha de música, que é marcada também e o povo pede muito. Durante esse tempo, não podemos perder o foco, perder a missão de passar alegria para o folião neste que é o melhor Carnaval do mundo. Para chegar ao grandão é necessário estar sempre com a áurea boa”, destacou.
Durante a folia de 2024, o grupo Pagodart puxará um trio elétrico no circuito Dodô (Barra/Ondina), além de bairros como Cajazeiras e Nordeste de Amaralina. “[Nordeste] é um circuito novo para mim, será a minha primeira vez, então a gente tá muito feliz em poder participar, a programação é 100%”, pontuou o cantor.
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Aposta de hit
Se ficou conhecida por marcas de décadas passadas, Pagodart nunca deixou de se reinventar. Reflexo disso é a música Alongadinha, uma das músicas apontadas como ‘forte’ para o Carnaval.
“Temos músicas novas, mas a gente não pode deixar de emplacar aquelas marcantes, a nossa estratégia é sempre tocar as nossas músicas. Temos a Alongadinha, que, na verdade, a galera nem sabe que essa música já foi cantada três, quatro anos atrás. É uma música dançante, uma música boa e que não teve a oportunidade de estar numa mídia, principalmente como essa aqui. A ‘Empoderada’, a música do churrasquinho de praia e tem essa ‘Alongadinha’, todas elas estão vindo com um fervor muito grande”, explicou ao Portal MASSA!.
TikTok
O ano era 2020, quando o TikTok virou uma das potências entre as redes sociais com seus vídeos de dancinhas. Apesar da ferramenta ser uma novidade, o fato de popularizar coreografias já estava há muito tempo no sangue de Flavinho.
Famoso por lançar passos protagonizantes, o artista indicou a receita para não ficar ultrapassado diante da revolução tecnológica.
“Com essa geração nova, a gente sabe que tem o lance do TikTok, e já naquele tempo, há 20 anos, eu já fazia vários passos. Agora, a gente também tem que respeitar, inclusive eu estou aprendendo também, a pessoa tem que se renovar. Eu não sei muito fazer esses passinhos aí, eu vou tentando fazer, me adequando. As gerações chegando, colocando uns linguajares diferentes, mas tem algumas músicas que eu não posso colocar por conta da minha carreira, da índole que eu tenho com minha família, mas respeito tudo e todos”, comentou o cantor.
A música "proibida"
Uisminofai. Hit histórico em Salvador e nos quatro cantos do Bahia. Considerado um dos sucessos de Pagodart, a canção fez a banda ser estourada ainda quando nem paredão existia. Mas teve uma outra canção que gerou polêmica pouco antes de Flavinho sair da bande pela primeira vez, em 2007. A música Soma dos Muito Doido chamou atenção na época com o trecho: Eu disse ma mais conha / Maconha / E maco mais nhero / Maconhero / Eu dise sa mais ci / Saci / Saci mais zeiro / Saci zeiro
Questionado se recebeu críticas sobre uma possível apologia às drogas, Flavinho abriu o jogo.
“Não teve esse episódio para a gente. A música não é uma apologia, a música é um duplo sentido, a música não dizia ‘vá fumar maconha’, ‘’vá fazer isso’. ‘Eu vou fazer a soma’, então a pessoa estava somando, mas ‘mais isso’, mas mais aquilo, era a soma, não dizia fume a maconha. Uns interpretaram de outra forma, outros interpretaram que não era nada demais, só que a gente tocava em tudo quanto é lugar. Anunciava, teve algumas prefeituras que, por exemplo, o prefeito era cristão e falava: ‘se você puder segurar essa música aí eu aceito, mas se a galera cantar, tudo bem’. Então vai de amigos, vai da forma que você respeita a quem está te contratando. Fora isso, não teve polêmica, nada que atrapalhou a gente não”, explicou.A música não é uma apologia, a música é um duplo sentido
Piscuila
Na formação bombástica do Pagodart, um dos principais membros era Piscuila, que cantava o refrão de Uisminofai. Tido como “diferenciado”, o músico ganhou novos ares. Segundo Flavinho, o projeto que ele, assim como outros membros adotaram, rendeu bons frutos, o que não atrapalhou a continuidade do sucesso da atual composição do bonde.
A gente nunca teve diferença
“Ele foi um dos músicos que abalou muito, um músico muito diferenciado, importante para a banda. Se vocês repararem ali na banda Pagodart, da geração 2002, que eu entrei em 2002, sempre teve o nome ali, Piscuila, Jaca, Baleia, Fiuza, Kikisso, Wellington Macaco, tinha o nome de todo mundo ali, lá a gente nunca teve a diferença. Como Piscuila fazia música com a gente, sempre foi uma referência para todo mundo, a galera da rua. Mas para a gente ali, que era banda ou interno, a gente nunca teve diferença, e a formação da banda, que quando eu entrei em 2002, até hoje tem comigo, Franklin, tem um pessoal da técnica, Ricardo Valverde, Niltinho ficou até pouco tempo, todos os músicos aí montaram projeto e graças a Deus deram certo no projeto”, pontuou.