Natural de Nazaré, no recôncavo da Bahia, a escritora Ionã Scarante nasceu imersa em ambiente de brincadeiras, mas de livros também. Presente na Bienal do Livro 2024, nesta segunda-feira (29), ela garantiu que este clima foi fundamental para a formação de quem é hoje.
"Livro, para mim, é como um brinquedo. Então, eu acho que é por isso que eu me divirto contando histórias, eu me divirto escrevendo histórias para crianças", disse a autora após uma sessão de contação de histórias do seu livro 'Anjo de Barro'.
Professora de língua portuguesa e literaturas do Instituto Federal Baiano e pesquisadora da literatura baiana, especialmente de escritores do Recôncavo e do Baixo Sul da Bahia, Ionã considera que a literatura humaniza e deve ser vista como um direito. "É direito do indivíduo, o direito à literatura, assim como o direito à saúde, o direito à educação, o direito ao lazer. Então, a literatura, para mim, é isso também. Ler na infância, ler para uma criança é um sinal, é um ato de amor, de afeto", completou.
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Seu mais recente livro nasceu a partir de visita na comunidade de Maragogipinho de Pinho com alunos do Instituto Federal Baiano sobre o trabalho artesão daquela comunidade. "Quando eu cheguei à comunidade, ouvi de alguns mestres e mestras ceramistas uma coisa que me tocou muito, dos mais velhos: 'Professora, eu não sei se isso aqui vai continuar para sempre", destacou.
A declaração a deixou incomodada e reflexiva por bastante tempo, até que surgiu a ideia e as primeiras palavras da obra. "Um dia em minha casa, eu estava fazendo umas tarefas domésticas e de repente me veio a intuição. Uma menina de traços indígenas, correndo, descendo as ladeiras, entre as olarias, brincando, correndo. E aquilo me deu aquele impacto na hora e eu fiquei pensando, 'meu Deus, o que foi isso aqui? "Isso é uma história e isso é pra criança. Eu vou sentar e vou escrever a respeito", concluiu a escritora.