
Amor, companheirismo, respeito e… dinheiro. Essa última palavra, muitas vezes deixada de lado nas conversas de casal, tem mais influência nos relacionamentos do que se imagina. A velha máxima de que "o amor supera tudo" é posta à prova quando as contas começam a apertar ou quando há desequilíbrio financeiro entre os parceiros.
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Um estudo conduzido pela plataforma MeuPatrocínio, com mais de 3.500 pessoas entre 20 e 45 anos, mostra que a questão financeira é um gatilho frequente de estresse nas relações. A pesquisa apontou que a maioria dos casais que dividem igualmente as despesas relatam brigas constantes por causa do dinheiro. Além disso, a pressão financeira tem causado sobrecarga emocional, principalmente entre as mulheres, e afetado até a autoestima e a vida íntima dos homens.
Os números são um alerta: discutir dinheiro é urgente. Mas, antes de partir para a planilha ou para o aplicativo de organização financeira, é preciso entender o que está por trás dessas tensões, e o que pode ser feito para construir uma convivência mais saudável nesse aspecto.
Não é apenas sobre o dinheiro
A psicóloga Joelma Barreto explica que os problemas financeiros nos relacionamentos têm raízes emocionais profundas. Segundo ela, não se trata apenas de contas e orçamento, mas de sentimentos como medo, insegurança, culpa e até controle.
"A questão financeira nos relacionamentos vai muito além de planilhas e contas a pagar. Ela toca diretamente nas nossas emoções: o medo, o controle, a insegurança, o poder e o pertencimento também", disse.
A falta de dinheiro pode gerar culpa por não contribuir, vergonha de depender do outro e ressentimentos quando há sobrecarga. Mas engana-se quem pensa que o dinheiro resolve tudo: ele também pode servir como instrumento de controle ou compensação emocional.
Se eu ofereço conforto material, eu não preciso oferecer presença emocional, e isso acontece muito dentro das relações também.
Joelma Barreto

Casais que não falam abertamente sobre dinheiro acabam transformando o tema em tabu, o que desgasta a relação. O silêncio diante dos incômodos e a ausência de acordos geram distanciamento e tensão. Joelma também destaca o impacto do dinheiro na autoestima e defende a busca por ajuda profissional.
"A terapia de casal não serve apenas para resolver esses problemas, mas para oferecer um espaço seguro onde ambos possam compreender melhor suas emoções, rever os padrões que são herdados, os padrões familiares e construir novas formas de se relacionar entre si e com o dinheiro, claro".
Falar sobre dinheiro desde o início é maturidade
A educadora financeira Mayra Macedo lembra que muitos casais ainda evitam falar sobre dinheiro por medo de parecer materialistas ou por insegurança. Mas esse tipo de conversa, segundo ela, deveria acontecer desde o início do relacionamento.
"Falar sobre finanças ainda é um grande tabu na sociedade brasileira. E justamente por isso, é muito comum que casais evitem esse tipo de conversa, principalmente no início do relacionamento. Mas, na verdade, esse é um tema que deveria entrar em pauta desde cedo".
Mayra defende a importância de fazer perguntas diretas e alinhar expectativas logo no começo da vida a dois. A transparência é essencial para evitar frustrações.
Falar abertamente sobre dinheiro deve fazer parte do relacionamento, com respeito, empatia e clareza.
Mayra Macedo

Ela também destaca o papel da tecnologia, como aplicativos de organização financeira, e a importância de acordos justos sobre como dividir as despesas.
"A resposta está na combinação de educação financeira com diálogo constante. O primeiro passo é o autoconhecimento: entender seu próprio perfil financeiro, hábitos e metas. Depois, é necessário construir uma comunicação aberta no casal, onde os dois se sintam à vontade para falar sobre dinheiro sem julgamentos".
Para ela, quando há clareza e parceria, o dinheiro vira um aliado. não um vilão. "Falar sobre dinheiro não é só sobre números, é sobre valores, escolhas e planos de vida em comum. E quando existe clareza, respeito e parceria, o dinheiro deixa de ser um problema e passa a ser uma ferramenta para construir sonhos juntos".
No fim das contas...
Relacionamentos saudáveis não vivem só de amor: precisam também de diálogo, acordos e respeito mútuo, inclusive quando o tema é dinheiro! Fugir do assunto pode parecer confortável, mas só adia o conflito.