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Dezembro Sexual - 07/12/2024, 07:50 - Amanda Souza

É possível que uma pessoa com HIV tenha vida sexual ativa? Entenda

Médico infectologista explica como é possível, com os avanços da ciência, conviver 'tranquilamente' com o vírus

Preservativo é prático, barato e segue sendo a melhor maneira de prevenção contra ISTs
Preservativo é prático, barato e segue sendo a melhor maneira de prevenção contra ISTs |  Foto: Reprodução / Pixabay

No Dezembro Vermelho, mês de conscientização sobre o HIV e a AIDS, discutir a vida sexual de pessoas vivendo com o vírus é essencial para derrubar mitos e combater o preconceito.

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Com os avanços da ciência, a realidade de quem convive com o HIV mudou drasticamente desde os primeiros casos da epidemia, o que marcou a memória de muitas pessoas, que lembram bem o qual devastadora foi a 'chegada' da doença.

Apesar dos receios, atualmente, com tratamento adequado, é possível ter uma vida sexual ativa, segura e sem risco de transmissão. Para explicar como isso é possível, o MASSA! conversou com o médico infectologista Thiago Cavalcanti (RQE 12770), que detalhou como funciona a convivência com o vírus.

Vida sexual segura é possível

"É possível sim uma pessoa com HIV ter uma vida sexual ativa e segura. Isso é um mito que se formou muito em decorrência do passado relacionado à doença, quando ela emergiu e a gente não tinha um conhecimento satisfatório", afirma Thiago.

Hoje, com o uso correto do tratamento antirretroviral, pacientes com carga viral indetectável não transmitem o vírus, mesmo em relações sexuais com parceiros soronegativos.

Além disso, o infectologista reforça a importância do uso de preservativos, que não só previnem o HIV, mas também protegem contra outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

Aspas

O preservativo ainda hoje é recomendado, principalmente para pessoas com múltiplas parcerias ou que não conhecem adequadamente seu parceiro.

Thiago Cavalcanti (thiagocavalcanti.infectologia no Instagram)

Carga viral indetectável: um marco na prevenção

Um dos avanços mais significativos no combate ao HIV foi a comprovação de que pessoas com carga viral indetectável não transmitem o vírus.

"Hoje a gente sabe, através de estudos muito robustos, que pessoas em tratamento regular, com carga viral indetectável, não transmitem o vírus", explica o médico. Esse conceito, conhecido como I = I (Indetectável = Intransmissível), é uma das maiores conquistas na luta contra a epidemia.

Campanha reforça a conscientização sobre a doença
Campanha reforça a conscientização sobre a doença | Foto: Reprodução

No entanto, apesar desses avanços, o estigma em torno do HIV persiste. "Canso de ouvir relatos de pacientes que perderam parceiros ou foram maltratados após revelarem o diagnóstico", conta Thiago.

Ele enfatiza ainda que o preconceito é alimentado pela falta de informação. "O HIV não é mais o bicho de sete cabeças que já foi. Temos tratamentos altamente eficazes que permitem às pessoas viverem de forma harmoniosa".

Saúde mental de quem convive com a doença

O diagnóstico de HIV pode ser devastador para a saúde mental. "Muitos pacientes entram em depressão ou até tiram a própria vida ao receber a notícia. O estigma pesa mais do que o próprio vírus", relata Cavalcanti.

Aspas

Já atendi pacientes que nunca mais se relacionaram após o diagnóstico. É algo que afeta profundamente a vida de uma pessoa.

Thiago Cavalcanti

Para mudar essa realidade, a disseminação de informações é crucial. "Precisamos que a sociedade entenda que hoje o portador do vírus, se estiver em tratamento, não transmite o HIV. Combater o estigma é tão importante quanto tratar a doença", finaliza o infectologista.

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