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‘Acaracrente' - 25/11/2024, 15:05 - Jaísa de Almeida* - Atualizado em 25/11/2024, 15:18

Você conhece o acarajé evangélico? Nova versão gera debate em Salvador

O Portal MASSA! conversou com a Associação Nacional das Baianas de Acarajé e com as criadoras do ‘Acaracrente’

Nesta segunda (25), é comemorado o Dia Nacional das Baianas de Acarajé
Nesta segunda (25), é comemorado o Dia Nacional das Baianas de Acarajé |  Foto: Raphael Muller / Ag. A TARDE

Na Bahia, o acarajé é mais do que um simples prato, é um símbolo de resistência, tradição e cultura. Diante desse cenário, uma nova versão desse ícone baiano tem ganhado cada vez mais popularidade nas esquinas de Salvador e gera debates: o ‘Acaracrente’.

Criados por Rosângela de Jesus, com o apoio da filha Jalilly Nivo, os bolinhos foram adaptados para atender um público que, até então, parecia distante dessa iguaria tradicional: os evangélicos.

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Nesta segunda-feira, 25 de novembro, Dia Nacional das Baianas de Acarajé, Rosângela contou, em entrevista exclusiva ao Portal MASSA!, como começou sua trajetória. Segundo a mulher, a herança africana, agora ganha uma releitura, sem perder sua essência.

Aspas

Quando me converti, percebi que poderia oferecer algo que unisse a minha fé com o que sempre amei fazer”

Rosângela de Jesus

A empresária conta que começou a vender acarajé aos 13 anos, mas foi após a conversão que sua versão ganhou identidade.

“O nome surgiu como uma forma de chamar atenção, mas sempre com respeito. Não é sobre impor a religião, é sobre ser quem eu sou e vender o que amo fazer”, explica.

Rosângela servindo seu acaracrente
Rosângela servindo seu acaracrente | Foto: Arquivo pessoal

Para muitas pessoas, a ideia de um acarajé voltado para os evangélicos pode parecer estranha, considerando que o bolinho, com sua forte ligação com os rituais afro-brasileiros, carrega em sua origem as bênçãos dos orixás. Rosangela, no entanto, não vê problema nisso.

Rosângela e Janilly
Rosângela e Janilly | Foto: Arquivo pessoal

“Eu não estou vendendo religião, estou vendendo comida. O acarajé é um prato, não uma oferenda religiosa. Respeito todas as crenças e tenho clientes de todas as religiões, inclusive do Candomblé”, defende.

Críticas x acolhimento

Apesar de algumas críticas nas redes sociais, no qual o ‘Acaracrente’ chegou a ser questionado por pessoas que associam o acarajé exclusivamente ao Candomblé, Janilly, filha da empresária, destacou que sempre houve respeito e acolhimento.

“Já passei por algumas situações engraçadas, como quando me perguntaram se o acarajé era de Iansã. Aí eu disse: ‘Ó, minha mãe é crente, mas eu não sou não’ (risos)”, brinca. Mas ela também admite que o caminho nem sempre foi fácil. “Teve quem nos atacou na internet, mas sempre procuramos responder com respeito e mostrar o que é o nosso trabalho: um trabalho honesto”, acrescenta.

Além da batalha para desconstruir preconceitos, mãe e filha seguem na luta para expandir o ‘Acaracrente’, investindo em marketing digital e pensando em novas formas de levar o sabor do acarajé para mais baianos. “Nosso sonho é crescer cada vez mais, mas sempre com amor e respeito por todas as culturas e religiões”, revela Rosangela.

Contexto religioso

O surgimento do ‘Acaracrente’ também levantou um questionamento importante sobre o respeito ao patrimônio cultural baiano. Para a Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Mingau, Receptivo e Similares (ABAM), a situação é delicada.

“A Bíblia não fala sobre acarajé e é preciso respeitar a origem dessa comida, que está intimamente ligada ao Candomblé. Não somos contra as baianas, mas é fundamental que o acarajé seja tratado com o devido respeito à sua história e contexto religioso”, considera Rita Santos, presidente da instituição.

Ainda assim, para Rosangela e Jalily, o mais importante é seguir com a missão de servir aos baianos, sem desrespeitar as raízes do acarajé, mas também sem se deixar abalar pelas críticas.

“Nosso lema é: ‘Crente ou não crente, coma ‘Acaracrente’. A intolerância religiosa não leva a nada, só o amor é que faz a diferença”, concluem.

*Sob a supervisão do editor Pedro Moraes

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