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Consciência Negra - 20/11/2025, 13:10 - Artur Soares

Vivências negras: influenciadores usam a web para ocupar espaços

Influenciadores baianos se tornam exemplo de representatividade com produção de conteúdo para a internet

Os influenciadores comentam a importância do novembro e para além dele
Os influenciadores comentam a importância do novembro e para além dele |  Foto: Reprodução

O Dia da Consciência Negra é o momento em que todos voltam seus olhares para a cultura negra, porém, a luta pela ocupação de espaços acontece durante todo o ano. Por muito tempo, não era comum ver pessoas negras ocupando posições de influência, mas com o surgimento da internet e a popularização das redes sociais, essa realidade vem sendo mudada aos poucos.

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Em Salvador, diversos influenciadores digitais acabam se destacando entre o público baiano pelo modo como abordam questões relacionadas às vivências dos corpos pretos. Um desses destaques é o humorista Tiago Banha, que por meio de suas piadas acaba levando risos e reflexão para o público da capital baiana.

Humor como crítica social

“É praticamente uma praxe que, todo mundo que faz comédia e é uma pessoa negra, em algum momento fale sobre isso [suas vivências], porque a comédia também é uma ferramenta para crítica social”, afirmou em entrevista ao MASSA!.

Aspas

O comediante não tem obrigação de fazer ninguém entrar em reflexão com suas piadas, mas se ele puder fazer isso, é muito bom.

Tiago Banha
Imagem ilustrativa da imagem Vivências negras: influenciadores usam a web para ocupar espaços
Foto: Marcos Musse

Ao lado dos também influenciadores Matheus Araujo e Raoni Oliveira, Tiago criou o perfil Almanaque Preto, em que os três exploram diferentes assuntos relacionados com suas vivências pessoais. “Não se tem muito conteúdo masculino em Salvador que não seja esporte. Hoje em dia pode até ter, mas no período que a gente criou, eu particularmente não lembrava de ver um grupo de homens falando de moda, lifestyle”, afirmou.

Conteúdo educativo e acesso periférico

A capital baiana também é berço de várias promessas que estão emergindo na web. O blogueiro Jordan ganhou holofotes produzindo conteúdo educativo e de fácil compreensão. “Minha maior premissa quando faço um vídeo de qualquer assunto que envolva conteúdo acadêmico é ser de fácil acesso para as pessoas em geral, principalmente periféricas”, afirmou.

Suas principais referências na web também são repletas de melanina. “‘João Seupimenta eu acho que é uma referência bacana para mim, como também o Lázaro Ramos, que é um cara que para mim é um absurdo, além da Carla Akotirene, que também é uma referência para mim que faz conteúdo preto”, completou.

Racismo no digital e a busca por regulamentação

Com um conteúdo fortemente destinado à cultura negra, Jordan relata que o racismo ainda existe no meio digital. Tendo sido vítima de ataques, o blogueiro defende que a única forma de acabar com isso é com regulamentação.

Aspas

Se fosse possível que todas as contas atuais fossem vinculadas ao CPF de cada pessoa, porque aí a gente teria uma regulação muito melhor.

Jordan
Imagem ilustrativa da imagem Vivências negras: influenciadores usam a web para ocupar espaços
Foto: Divulgação

A luta segue depois de novembro

Mesmo que o dia 20 de novembro seja carregado de simbolismo, ele sozinho não faz milagres para a comunidade preta. Jordan aponta que, após o fim do Dia da Consciência Negra, muitas pautas acabam caindo no esquecimento. “Os pretos fazem dinheiro nesse momento porque os brancos procuram eles nesse momento”, apontou.

Aspas

Quando passa o mês de novembro, a gente volta para o lugar que é meio esquecido, a tendência agora é não se deixar esquecer.

Jordan

Além disso, o baiano também aponta que influenciadores brancos vindos do eixo Rio-São Paulo muitas vezes acabam sendo contratados para falar sobre Salvador, uma cidade que é majoritariamente negra. “Não só eu, como a maioria dos influenciadores que estão crescendo aqui, se sentem prejudicados. A gente tem influenciadores que poderiam mostrar uma visão real do que é Salvador”, pontuou.

Apesar de ainda existirem problemas, Tiago Banha destaca que existir pessoas negras ocupando esse lugar de influenciador é uma grande conquista. “Acho que ser um homem negro e estar nesse lugar é muito interessante porque, quando eu era moleque, não tive essas referências”, afirmou.

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