
Nada melhor que almoçar escutando música boa. Foi essa a combinação que marcou a tarde de quem foi prestigiar a sexta edição do Festival Gastronômico da Feira de São Joaquim. O evento aconteceu ontem, no Galpão Água de Meninos, e contou com a distribuição de feijoada e shows gratuitos. Os artistas que se apresentaram foram Noelson do Cavaco, Eduardinho Fora da Mídia, Tio Elétrico e Ilê Aiyê.
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Abordando a história do trio e do Carnaval por meio da música, o grupo Tio Elétrico foi responsável por abrir a programação. Super Tom, vocalista da banda, defende que o grande diferencial do festival é o apelo popular. “A festa é dos feirantes, então o povão vem aqui, é completamente diferente. E não é um espaço direcionado apenas para o samba, ele abre portas para outras vertentes. A diversidade daqui é bem maior”, afirmou em entrevista ao MASSA!.
Nascido e criado na Cidade Baixa, o músico afirma que a sensação de se apresentar na Feira de São Joaquim é especial. Apesar de não ser o primeiro da banda na região, essa é a primeira vez que eles se apresentam no Festival Gastronômico. “Vira e mexe a gente estava por aqui, comprando, fazendo feira com minha mãe. Esse espaço aqui é maravilhoso e cheio de energia. Me passa uma história na cabeça, de quando eu era menino”, pontuou.
Depois do Tio Elétrico, a ancestralidade tomou conta do local. Continuando o clima de Carnaval, a programação seguiu com uma apresentação do Ilê Aiyê. “O Ilê nasce dentro das comunidades e a feira é uma comunidade, onde todo mundo se conecta em busca do conhecimento e do alimento, é uma conexão ancestral. O Ilê Aiyê estar presente nesse lugar é a gente falando que esse espaço também é cultural”, disse Salamin Koangulo, percussionista do grupo.

Público e espaço é o que não faltam na Cidade Baixa, mas a região ainda enfrenta uma escassez de eventos. O músico ressaltou a importância de utilizar mais a estrutura da região. “Não adianta a gente ter essa estrutura, essa parte da cidade, e não ter um olhar cultural para essa parte. Um evento como esse traz esse resgate, de ter essa musicalidade solta nessa parte da cidade”, argumentou.
Apesar de Salvador ser conhecida como a cidade da música, nem todos encontram palco para se apresentar. Para o percussionista, um evento como o Festival Gastronômico também é uma oportunidade para artistas menores. “A gente vive em uma cidade que é um polo cultural, mas infelizmente Salvador ainda vive uma decadência em seus eventos, em seus espaço públicos, onde artistas de outras comunidades não têm a mesma oportunidade que os grandes tem”