O aumento no número de ataques envolvendo cães da raça pitbull tem chamado atenção da população. Pelo menos quatro casos trágicos chocaram a população baiana nos últimos meses, tendo acontecido na capital e no interior, envolvendo pessoas e outros ‘doguinhos’.
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Para informar e ajudar os leitores a se prevenir, o Portal MASSA! conversou com o médico veterinário Luis Carlos Sousa, especialista em comportamento animal, que esclareceu os mitos e deu dicas preciosas para pessoas que terminem se envolvendo em acidentes como esses.
O profissional, que já acumula 13 anos de experiência na área, esclareceu que os pitbulls geralmente são animais dóceis e não costumam ter históricos de agressividade, mas que, muitas vezes, acabam sendo submetidos a tutores que “exploram o potencial físico de maneira irresponsável”.
Destacando que o grande diferencial do pitbull é ele ser de uma raça grande e forte, o veterinário explicou que os casos mais trágicos têm um fator em comum: “O que a gente mais observa são as pessoas descumprindo uma regra social importante: cão solto, fora da guia, do peitoral, fora de controle”, falou.
Luis Carlos disse ainda que é justamente nessa interação entre pessoas e o cão - que passeia sem nenhum controle - que os acidentes nascem, já que o animal pode ficar inseguro.
Como agir no momento do acidente
Ser atacado por um pitbull pode mudar completamente a vida de alguém. Os danos físicos e psicológicos - muitas vezes irreversíveis - impactam no cotidiano não só da vítima, mas de todas as pessoas que a cercam e dividem os espaços públicos.
Apesar de ser um momento extremamente complicado e tenso, o veterinário reforçou que agredir o cachorro com pauladas ou pedradas nunca será a melhor opção. “Infelizmente, a única coisa que a gente tem pra fazer para retirar esse cão é tentar utilizar uma coleira de pescoço ou alguma forma de asfixia”, afirmou.
“Parece ser contraditório, que vai de encontro com o bem-estar do animal, mas pode decidir que esse animal solte a pessoa. É triste e complicado, não gostaríamos de fazer, mas às vezes é a única coisa que podemos fazer ali”, esclareceu.
Bater ou tentar espancar de alguma outra forma, pode machucar ou piorar o acidente. O ideal é a prevenção: se eu estou passeando e vejo alguém ou algum animal menor se aproximando, o mais prudente é eu me afastar.
Luis Carlos Sousa, médico veterinário
Políticas públicas e outras formas de prevenção
Durante o papo com o MASSA!, o médico veterinário Luís Carlos Sousa se expressou a favor da criação de políticas que assegurem o conforto de animais e tutores durante seus passeios diários em espaços públicos. De acordo com o profissional, as leis de fiscalização são essenciais para a convivência harmoniosa e em conjunto.
O especialista destacou ainda que ferramentas como a guia e a focinheira são indispensáveis, tanto para evitar o ataque, quando para salvar outros animais que se tornem vítimas.
“Cão na guia é ferramenta de segurança, assim como a focinheira. mas é preciso saber qual tipo de focinheira, porque alguns modelos podem até piorar e/ou causar mau estar pro animal, como dificultar a troca de ar. Ela tem q ser bem escolhida, precisa ser treinada por um profissional pra ver se ele vai aceitar a ferramenta”, alertou.
O Portal MASSA! entrou em contato com a Secretaria de Sustentabilidade, Resiliência e Bem-Estar e Proteção Animal (Secis) para esclarecer quais projetos estão sendo desenvolvidos pela Prefeitura de Salvador para ajudar a evitar mais casos trágicos como os citados.
Por meio de nota, a assessoria informou que prefere não se manifestar “para não gerar a falsa sensação que a fiscalização ou punição dessa demanda é com a Diretoria de Promoção à Saúde e Proteção Animal (Dipa).
Prestando socorro aos animais atacados
Caso outros animais sejam atacados por pitbulls, a Secis orienta que eles sejam levados para o Hospital Público Municipal Veterinário de Salvador (HPVet), que funciona de forma ininterrupta com equipes de saúde e cirurgião de prontidão para situações de emergência.
O HPVet funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, e nos sábados, das 8h às 12h. Com atendimento de médico veterinário clínico e serviço de hospital-dia, é possível fazer internamentos para tratar casos graves, inclusive com ala de isolamento para doenças infecciosas.
Os animais podem ficar internados 24 horas no local, porém não é permitido acompanhamento dos tutores. Depois das 17h, nenhum outro animal é recebido e os já acolhidos ficam aos cuidados somente dos veterinários e enfermeiros que trabalham na unidade.
Apenas 40 senhas são distribuídas por dia, pouco antes das 8h, mas casos excedentes de urgência ou emergência são atendidos sem necessidade de reserva de vaga, sendo os casos mais graves recebidos com prioridade.
Não há distribuição de senhas aos sábados e somente casos de urgência e emergência são atendidos. Vale destacar que cada tutor pode levar um animal por dia.