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Afirmação! - 13/03/2025, 05:50 - Vitória Sacramento

Rodas de conversa em terreiros de Salvador fortalecem o Candomblé

Encontros reúnem sacerdotes, ogans, ekedis, yawòs e abians de diferentes nações

Os encontros são abertos ao público
Os encontros são abertos ao público |  Foto: Ojú Mímó/Divulgação

O Projeto Okàn Dùdù, que significa "Coração Negro", em yorubá, realiza um ciclo de rodas de conversa em terreiros de Candomblé durante o mês de março. A iniciativa busca fortalecer a cultura afro-brasileira, promover a integração das comunidades de axé e desconstruir estereótipos negativos associados à religião.

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As atividades acontecem nos seguintes terreiros de Salvador: Ilê Axé Babá Egun Ikuladê (Stella Maris) no dia 15/03, Ilê Axé Omin Ifan (São Tomé de Paripe) no dia 22/03 e Zoogodò Bogum Malè Rundò (Engenho Velho da Federação) no dia 29/03. Os encontros reúnem sacerdotes, ogans, ekedis, yawòs e abians de diferentes nações, como Angola, Jeje, Ketu, Lessé Egun e Efon.

Os encontros são abertos ao público, mas a participação depende da capacidade dos terreiros. "Qualquer pessoa interessada pode nos procurar para verificar a possibilidade de participar da roda de conversa", informa a coordenação.

Criado em abril de 2023 por Laísa Gabriela, o Okàn Dùdù tem como missão reafirmar identidades e preservar memórias da comunidade preta e do Candomblé, promovendo debates sobre temas essenciais. A proposta vai além da luta contra o racismo religioso e inclui discussões sobre diversidade de culto, direitos humanos, acolhimento da população LGBTQIAPN+, educação, raça e gênero, cultura, tecnologia e saúde mental.

O projeto propõe um espaço de diálogo e troca de conhecimentos entre as comunidades de axé. "A importância da gente realizar essas rodas de conversa dentro dos espaços de terreiro foi, primeiramente, para conectar essas comunidades. Convidamos pessoas de diversos terreiros para criar conexões entre eles, para que a gente conseguisse levar o que está acontecendo de uma casa para outra", explica Laísa Gabriela.

Imagem ilustrativa da imagem Rodas de conversa em terreiros de Salvador fortalecem o Candomblé
Foto: Ojú Mímó/Divulgação

As rodas de conversa abordam temas sensíveis e fundamentais, como a desconstrução de estereótipos, o protagonismo feminino dentro da religião e os impactos das novas tecnologias no Candomblé. Entre os debates, destacam-se "Exú não é diabo!", que combate a demonização de Exú e do Candomblé; "Matriarcado", que propõe uma reflexão sobre a liderança feminina nas comunidades de axé; "De que forma as novas tecnologias impactam nas vivências dentro do Candomblé?", que discute os avanços tecnológicos e suas influências na religião; "LGBTQIAPN+ no Candomblé: Como vencer as barreiras do preconceito?", que trata sobre inclusão e diversidade; "Saúde mental no Candomblé: quem cuida de quem cuida?", que reflete sobre o bem-estar da comunidade religiosa; "O acolhimento aos noviços", que debate os cuidados dedicados aos yawòs; e "Como manter o legado ancestral vivo através das gerações?", que discute a importância da transmissão dos saberes tradicionais.

"A gente entendeu que esse projeto era importante justamente para que conseguíssemos nos movimentar, criar soluções para as nossas problemáticas atuais, conectar terreiros e fazer com que essas comunidades se unam de alguma forma", acrescenta a coordenadora do projeto.

Além das rodas de conversa, o Okàn Dùdù planeja produzir um documentário até o final do ano e levar palestras sobre as temáticas discutidas para escolas, ampliando o alcance do projeto.

Com apoio da Lei Paulo Gustavo, via Secretaria de Cultura do Governo do Estado da Bahia, a iniciativa conseguiu viabilizar a edição de 2025 e já vislumbra novos passos. "Nossa ideia é continuar levando o projeto para outros espaços. Em fevereiro, estivemos no Rio de Janeiro entrevistando membros de uma comunidade de Candomblé Jeje em Maricá. Foi a primeira vez que saímos da Bahia, e queremos expandir ainda mais", afirma Laísa.

O projeto também prevê a realização de exposições de artistas ligados ao Candomblé e a criação de cursos sobre audiovisual e mídias digitais, incentivando a preservação da oralidade e a transmissão de conhecimentos entre gerações.

Com uma abordagem que valoriza o coletivo, o Okàn Dùdù destaca que o Candomblé é, antes de tudo, comunidade. "O Candomblé não se faz sozinho. Precisamos de pessoas junto conosco, na movimentação de tudo. Esse projeto busca fortalecer isso: a irmandade e a valorização do nosso legado ancestral", conclui Laísa. Para acompanhar a programação e saber mais sobre o projeto, basta acessar o perfil no Instagram: @projetookandudu.

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