
O último adeus à Wanda Chase, uma das vozes mais marcantes da comunicação baiana, acontece na tarde desta sexta-feira (4), no Cemitério Campo Santo, no bairro da Federação, em Salvador. Amigos, colegas de profissão e admiradores se reuniram para prestar homenagens à jornalista, que fez história na cobertura da cultura negra e dos Carnavais da Bahia.
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Após estrear em um novo cargo na TV Bahia, onde atuou por quase três décadas como repórter, Andréa Silva relembrou a importância de Wanda em sua trajetória. "Uma das coisas que eu considero mais marcantes nessa característica de generosidade dela era nunca ter problema de ensinar quem chegava. De me pegar pela mão: 'Bela, venha cá'… O carnaval que fizemos juntas, ela sempre: 'Oh, Bela, tal coisa… Vamos checar isso, vamos checar aquilo'.", disse.
Uma das coisas que eu considero mais marcantes nessa característica de generosidade dela era nunca ter problema de ensinar quem chegava.
Andréa Silva
'Dedéa' também destacou o apoio que recebeu de Wanda nos primeiros anos de televisão. "Logo quando eu cheguei, meus primeiros ao-vivos aqui… Ela, como assessora do Olodum, me deu apoio, foi me explicando as coisas. Então deixa uma dor, um vazio muito grande, mas ao mesmo tempo um grande ensinamento".

A jornalista Silvana Freire destacou a generosidade de Wanda, lembrando do acolhimento que recebeu ao chegar à TV Bahia: "Ela sempre foi muito generosa, estava sempre disposta a ajudar, a ensinar, a compartilhar seu conhecimento. Brincávamos que ela era uma enciclopédia".
Ver tanta gente reunida aqui hoje só reforça o quanto Wanda fez e ainda faz história
Silvana Freire
Já o apresentador Casemiro Neto ressaltou o impacto da apresentadora como símbolo de integridade. "Wanda representa, não só para mim, mas para toda a Bahia, todo o jornalismo, um exemplo de dignidade a ser seguido, principalmente para essa nova geração", disse. Casé lembrou com carinho das transmissões de Carnaval ao lado da colega.
Dividimos várias transmissões, com ela comentando os blocos afros, artistas, bastidores… Aprendi muito com ela. A minha relação com ela é de uma amizade profunda. Mesmo depois da separação profissional, continuamos falando sempre
Casemiro

Com emoção, ele rememorou momentos de afeto e brincadeiras que marcaram a amizade dos dois: "Eu pirraçava muito ela, falando 'negona'. Ela sabia que era brincadeira e me chamava de 'parmalat'. Eu brincava dizendo que ela era fofoqueira, e ela retrucava: ‘Me respeite que eu não sou fofoqueira, eu tenho a informação’".
O jornalista Zé Raimundo, emocionado, relembrou o primeiro encontro com Wanda Chase em Campina Grande, na Paraíba, ainda nos anos 1980. "Ela era super simpática, carinhosa com todos. Depois nos reencontramos aqui na Bahia e trabalhamos juntos por muito tempo. Wanda abriu portas para tantos jornalistas e artistas. É daquelas pessoas que a gente nunca vai esquecer", lembrou.

Outro apresentador que estava presente na despedida, Zé Eduardo também lamentou profundamente a partida da colega. "Wanda representou muito, principalmente pra mostrar a cultura e a negritude, a força que ela tinha e como ela lutava pelos negros", declarou. Segundo ele, a relação entre os dois era de contato constante.
Tinha contato diário com ela. Me dava muitos conselhos. Por várias vezes pedia pra eu ter calma na televisão, que eu não podia dominar o mundo do meu jeito
Zé Eduardo
Emocionado, Zé revelou que chegou a ser acionado pela família no dia em que Wanda foi internada. “Até no dia do acontecido, a família me ligou. Conseguimos internar a Wanda, mas era tarde. Vai uma pessoa muito importante na minha vida, vai fazer muita falta".
Wanda Chase faleceu na madrugada de quinta-feira (3), aos 74 anos, após complicações de uma cirurgia realizada para tratar um aneurisma dissecante da aorta.