
Falar sobre violência contra a mulher e feminicídio, nas escolas, tem sido a proposta do projeto SOBEJO – Arte e Empoderamento: As Vozes que Ecoam na Periferia, que chegou à sua segunda edição e se apresenta no Colégio Estadual Barros Barreto, em Paripe. As atividades começaram nesta quinta-feira (7), pela manhã, com encerramento marcado para esta sexta, em evento gratuito.
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Criado e protagonizado pela atriz, produtora e professora de teatro Eddy Veríssimo, o projeto tem como eixo central o enfrentamento à violência contra a mulher por meio da arte e da mediação cultural. Moradora do subúrbio ferroviário, Eddy vê na iniciativa uma oportunidade de transformar realidades a partir de experiências artísticas. “A arte é transformadora. Muitas mulheres que assistem ao espetáculo encontram coragem para romper o silêncio e denunciar agressões sofridas”, relata.
Com uma programação gratuita e diversificada, o projeto apresenta a websérie SOBEJO: Processo Indeferido, um sarau poético com mulheres negras da periferia e o monólogo SOBEJO, encenado por Veríssimo. A peça narra a trajetória de Georgina Serrat, uma mulher que, após o casamento, descobre a face violenta do companheiro. O espetáculo propõe uma reflexão profunda sobre os múltiplos tipos de violência, física, moral, sexual, patrimonial e psicológica, e convida o público a não se calar diante dessas agressões.

Mais do que entretenimento, o projeto promove espaços de escuta, debate e acolhimento. Após as apresentações, o público é convidado a participar de rodas de conversa com a presença de especialistas e ativistas, aprofundando o diálogo sobre as temáticas abordadas. Todos os eventos contam com recursos de acessibilidade, como tradução em Libras.
Para Eddy Veríssimo, circular com o projeto por bairros periféricos é um compromisso político e afetivo. “Estamos lidando com um país onde os maiores índices de violência atingem mulheres negras e periféricas. Levar essa discussão a esses territórios é urgente”, afirma.
A estudante Isis Caroline, de 18 anos, compartilhou o impacto da experiência: “Eu já tinha estudado sobre o tema, mas o projeto me incentivou ainda mais a falar, a me posicionar. A gente nunca sabe quem está passando por isso, por isso é tão importante discutir esses assuntos nas escolas”.
O professor de música Siclevison dos Santos, que atua na escola anfitriã, também destacou o papel mobilizador da arte. “Quando a nossa voz não pode se expressar, usamos o corpo, a escrita, a música. Esse projeto planta uma semente de conscientização que vai florescer no futuro”, declarou.

Após passar pelos bairros de Arenoso, Cajazeiras 5 e Paripe, o projeto encerra sua circulação no bairro do Uruguai, nos dias 21 e 22 de agosto. A programação inclui nova exibição da websérie, sarau poético e o espetáculo SOBEJO, seguido de debate.
A iniciativa foi contemplada pelos editais da Política Nacional Aldir Blanc Bahia, com apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia e do Ministério da Cultura. Desde sua criação, em 2016, a montagem tem originado diversas ações culturais com o mesmo propósito: denunciar, empoderar e transformar.
Mais informações estão disponíveis no perfil oficial do projeto: @sobejo.espetaculo.
