
Com o objetivo de valorizar e difundir a cultura de matriz africana, o projeto Ecos Ancestrais: Afoxés, Heranças e Tradições abrirá, ainda em 2025, inscrições gratuitas para oficinas formativas voltadas a mulheres, jovens e crianças negras de baixa renda. As atividades acontecerão no bairro da Caixa D’Água, território historicamente ligado à tradição dos afoxés e berço do Afoxé Olorum Baba Mi, grupo cultural responsável pela iniciativa.
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A primeira formação será a Oficina de Afroculinária, prevista para iniciar em agosto. As inscrições estarão abertas entre os dias 29 de julho e 1º de agosto, das 10h às 16h, na sede do Afoxé Olorum Baba Mi. Serão ofertadas 20 vagas prioritárias para mulheres negras de baixa renda, especialmente mães solo da comunidade e regiões próximas. Para participar, é necessário apresentar documento de identidade com foto, comprovante de residência e inscrição no CadÚnico.
Com carga horária de 64 horas ao longo de quatro meses, a oficina oferecerá aulas teóricas e práticas sobre pratos tradicionais da culinária afro-brasileira, como acarajé, abará, vatapá e mingaus. As participantes receberão kits individuais e materiais de apoio para aprofundar os estudos. Além de ensinar receitas, a proposta busca promover a autonomia das mulheres, criar uma rede de fortalecimento comunitário e valorizar a culinária como ferramenta de resistência cultural.
“A proposta educativa é uma resposta ao racismo estrutural. Ao reconhecer a culinária como parte da identidade afro-brasileira, promovemos pertencimento, técnica e empoderamento”, afirma Lucimar Santos, presidente do Afoxé Olorum Baba Mi e idealizadora do projeto.
Além da afroculinária, o Ecos Ancestrais contempla outras duas oficinas: Percussão com toques de ijexá, voltada para crianças e jovens negros, e Confecção de Adereços, destinada a mulheres e jovens interessados na produção de elementos visuais do afoxé. Ambas também terão duração de 64 horas, com início previsto entre o segundo semestre de 2025 e o início de 2026.
As ações serão realizadas integralmente na sede do Afoxé Olorum Baba Mi, com medidas de acessibilidade e inclusão, como legendas em materiais audiovisuais e formação da equipe para abordagem inclusiva.
Segundo Lucimar, o projeto representa a reconexão com as raízes da própria comunidade: “Realizar as oficinas na Caixa D’Água é valorizar nossas origens, honrar a memória coletiva e devolver à comunidade o conhecimento que dela emergiu. É uma forma de garantir que as tradições dos afoxés continuem vivas e pulsantes”.
O projeto foi contemplado pelos Editais da Política Nacional Aldir Blanc Bahia e conta com apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia, por meio da Secretaria de Cultura e do Ministério da Cultura, via PNAB – Política Nacional Aldir Blanc.