
O Dia das Crianças bate às portas e nunca foi tão difícil presentear a garotada. A tecnologia avançou muito nos últimos anos e as preferências dos pequenos acompanharam essa transformação. No lugar das bonecas, carrinhos e até mesmo das queridas bicicletas que fizeram sucesso em várias gerações, os tablets e celulares se tornaram companheiros inseparáveis da nova infância e são exigidos com frequência.
O que muitas famílias não sabem é que por trás do mundo mágico e colorido das telas existem perigos que afetam diretamente o desenvolvimento das crianças que são expostas por longas horas a esses aparelhos eletrônicos. Nesse novo cenário, os presentes educativos continuam sendo a chave para conectar os filhos com a vida real e estimular as melhores habilidades possíveis deles.
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A psicopedagoga baiana Deiseane Fagundes, de 36 anos, defendeu a importância dos responsáveis escolherem brinquedos que estimulem a imaginação e estejam alinhados o estágio de desenvolvimento das crianças, se atentando sempre para a indicação etária e a certificação do Inmetro.
Os melhores brinquedos para presentear uma criança e ajudá-la a deixar as telas de lado são aqueles com os quais ela possa interagir de múltiplas formas
O brincar coletivo continua sendo um forte aliado para desbancar os jogos virtuais e redes sociais nessa idade. “Os brinquedos que estimulam a imaginação, que potencializam a criatividad, que estimulam o brincar coletivo para que essa criança convoque os seus pais, os irmãos, os primos, os amigos, os vizinhos, que ela possa abrir a caixa na tarde de domingo, depois do almoço em família”, pontuou a psicopedagoga.
Qual o melhor presente educativo para o meu filho?

Em um passeio com o MASSA! na loja Bmart, no Shopping da Bahia, em Salvador, a psicopedagoga listou os principais brinquedos educativos para crianças conforme as etapas da vida delas.
🪇 0 a 2 anos – Fase sensório-motora
➡️Tapete sensorial;
➡️Instrumentos musicais infantis (pandeiro, ukulele, tecladinho com luz e som);
➡️Brinquedos sonoros e luminosos;
➡️Brinquedos de empilhar grandes e leves;
🧩 2 a 7 anos – Coordenação motora e classificação
2 a 5 anos:
➡️Brinquedos de montar;
➡️Brinquedos de encaixe;
➡️Quebra-cabeças com peças grandes.
5 a 7 anos:
➡️Quebra-cabeças com peças menores e maior quantidade;
➡️Jogos de classificação (numerais, letras, cores);
➡️Massinha de modelar;
➡️Jogos da memória com peças pequenas.
🎲 7 a 12 anos – Criatividade, lógica e competição
➡️Jogo Lince;
➡️Pega varetas;
➡️Dominó;
➡️ Jogos de tabuleiro (dama, xadrez, Jogo da Vida, Banco Imobiliário);
➡️Jogos de cartas (Uno, baralhos educativos);
➡️Jogos que envolvam planejamento, atenção e raciocínio lógico (Detetive, Imagem e Ação, Quem Sou Eu).
Como presentear uma criança atípica?
Professora há 15 anos, Deiseane Fagundes acompanhou de perto as mudanças na sala de aula e o aumento de pesquisas científicas sobre neurodivergência. Determinada a ser uma profissional melhor e com capacidade de acolher e incluir todos os alunos, ela embarcou na psicopedagogia há três anos.
Experiente na área, ela deu orientações sobre a escolha de presentes para a galerinha atípica. “As crianças neurodivergentes têm uma multiplicidade de comportamentos. Por exemplo, a gente tem muitos transtornos, a gente tem muitas dificuldades específicas, então, o ideal que a gente ofereça para crianças neurodivergentes são brinquedos que estejam dentro da área de interesse delas”, explicou.
Muitas vezes a criança foca, ela tem um hiperfoco naquele brinquedo, naquela temática, e ela elege um brinquedo

Conhecendo o perfil da criança, os cuidadores podem investir naquilo que ela já tem familiaridade: “Dentro daquele cenário de hiperfoco, seja de um tema de desenho animado, seja de um jogo de quebra-cabeça, que aquele brinquedo possa ser uma porta para estimular outras habilidades. Então se aquela criança tem um prejuízo na socialização, que a gente possa encontrar recursos através dos brinquedos em que ela possa dar um passo para a socialização. Se a dificuldade é motora, que aquele brinquedo possa estimular algo que seja possível para ela, que atenda a área de interesse dela, mas que ao mesmo tempo potencialize aquela habilidade”.
Os impactos negativos do excesso de telas e recomendações oficiais
Uma pesquisa Datafolha encomendada pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal (FMCSV) revelou informações alarmantes sobre os impactos do uso excessivo de telas na infância. As entrevistas foram feitas com 2.206 pessoas de todo o Brasil, em 2024.
O levantamento revelou que 56% dos adultos entrevistados percebem riscos à saúde relacionados ao uso excessivo de telas, seguidos por 42% que notaram problemas de socialização entre as crianças.
Dados coletados pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), divulgados em fevereiro deste ano, chamaram ainda mais atenção. Em 2024, 44% das crianças de 0 a 2 anos já usavam internet e 71% das crianças de 3 a 5 anos também.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, isso não é saudável. As recomendações oficiais começam no período neonatal e seguem até o fim da adolescência, apontando sempre a relevância do monitoramento dos responsáveis.
👶 0 a 2 anos:
➡️Uso zero de telas, inclusive passivamente (como estar no ambiente com TV ligada).
🧒 2 a 5 anos:
➡️Limite de até 1 hora por dia, com supervisão ativa dos pais, e evitar conteúdos violentos ou inadequados
👦 6 a 10 anos:
➡️Limite de até 2 horas por dia, incluindo jogos, vídeos e redes sociais, incentivando pausas.
👧 11 a 18 anos:
➡️Limite de até 3 horas por dia, com foco em equilíbrio entre vida digital e real, evitando telas durante as refeições e antes de dormir