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Aí não rola - 26/11/2025, 07:35 - Madson Souza

Por falta de apoio, batalhas de rima remam contra a maré em Salvador

Cenário é totalmente o oposto do Sudeste do país

Jovens em batalha de rima na Lapa 

Jovens de toda a cidade se reúnem na Estação da Lapa para batalha de rima.

Na foto: Jovens participam e acompanham batalhas de rima.

Foto: Uendel Galter/Ag. A TARDE.

Data: 29/10/25
Jovens em batalha de rima na Lapa Jovens de toda a cidade se reúnem na Estação da Lapa para batalha de rima. Na foto: Jovens participam e acompanham batalhas de rima. Foto: Uendel Galter/Ag. A TARDE. Data: 29/10/25 |  Foto: Uendel Galter/Ag. A TARDE

Batalhas de rima ganham força pelo país nas redes sociais, em projetos educacionais e como fonte de renda. Mas a realidade em Salvador ainda é de falta de investimento financeiro e dificuldade de ocupar espaços, que leva talentos para outros estados em busca de profissionalização. Mesmo com desafios, os organizadores dos encontros na capital apostam no talento dos rimadores locais - ou mestres de cerimônia (MCs) - e no potencial viral desse conteúdo nas redes sociais para fortalecer a cena soteropolitana.

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A cultura das batalhas de rima está em praças de todo o país, mas com a divulgação de trechos dos confrontos em redes sociais como o TikTok, a prática alcançou outros públicos. Prova do potencial baiano é Caio Lima, mais conhecido como Japa, que no último domingo sagrou-se campeão do título mais importante do país: o Duelo de MCs Nacional, que acontece todo ano em Belo Horizonte, Minas Gerais.

Foi ao se destacar nas batalhas de rima de estados como Rio e São Paulo, que Japa, conseguiu transformar sua carreira de MC em profissão. Ainda que seu caso e o de rimadores baianos como Jaya Luck e Yoga sejam exceções - que alcançaram notoriedade pelas batalhas - o entendimento é de que ainda há margem pra que outros no estado consigam viver de suas rimas, como acontece com os MC’s de São Paulo.

SALVADOR

Jovens de toda a cidade se reúnem na Estação da Lapa para batalha de rima.

Na foto: Jovens participam e acompanham batalhas de rima.

Foto: Uendel Galter/Ag. A TARDE.

Data: 29/10/25
SALVADOR Jovens de toda a cidade se reúnem na Estação da Lapa para batalha de rima. Na foto: Jovens participam e acompanham batalhas de rima. Foto: Uendel Galter/Ag. A TARDE. Data: 29/10/25 | Foto: Uendel Galter/Ag. A TARDE

“Quando a gente começou a rimar, a gente não imaginava isso, né? A batalha era uma ponte pra gente pegar um número, ir pra música e viver de música. Com a mídia chegando, os patrocinadores, hoje em dia a gente não precisa mais fazer isso. Aqui, apesar de ser uma cena com os melhores freestyleiros do Brasil, organizações boas, ainda falta o investimento necessário pros MC’s poderem viver disso”, ressalta Japa.

Potencial baiano

Em São Paulo e no Rio de Janeiro, estados em que o movimento é mais popular, muitas batalhas de rima e rimadores contam com patrocinadores, investimentos, e parcerias regulares ou pontuais. Através desse aporte são oferecidas premiações para os vencedores da competição, melhor estrutura sonora, maior divulgação da batalha e rentabilidade para o projeto. Porém, na capital baiana, ainda há uma falta de visão do potencial desses encontros que reúnem jovens e geram milhares de visualizações em redes sociais.

Isso é o que conta Vitor Carvalho, 28, o organizador da Batalha da Torre, que acontece aos sábados, às 17h, na Av. Octávio Mangabeira, 858, perto do Burguer King e do Park Food. “É uma cena muito carente de incentivo, reconhecimento, sabemos da quantidade de mcs (mestres de cerimônia) talentosos que tem aqui e que se vão pra outro estado com mais mídia vão se destacar muito, porque aqui não há esse reconhecimento, incentivo, apoio. Faltam marcas, apoiadores, que queriam colar, fortalecer o movimento e fazer acontecer”, diz.

SALVADOR

Jovens de toda a cidade se reúnem na Estação da Lapa para batalha de rima.

Na foto: Jovens participam e acompanham batalhas de rima.

Foto: Uendel Galter/Ag. A TARDE.

Data: 29/10/25
SALVADOR Jovens de toda a cidade se reúnem na Estação da Lapa para batalha de rima. Na foto: Jovens participam e acompanham batalhas de rima. Foto: Uendel Galter/Ag. A TARDE. Data: 29/10/25 | Foto: Uendel Galter/Ag. A TARDE

Outro exemplo disso é a Batalha do Centro Histórico ou Batalha do CH. Com apenas uma caixa de som, jovens - em maioria de periferia - se reúnem em roda para ver rimas trocadas de um lado pro outro. O encontro surgiu em 2019 com a ideia de ser um evento itinerante - sempre em um bairro diferente do Centro Histórico. Por conta dos custos dessa locomoção e dificuldade para os mcs acompanharem, hoje a batalha acontece na Estação da Lapa, na plataforma dos ônibus BRT, toda quarta, às 20h da noite.

Ainda assim, o grupo já enfrentou dificuldades com a empresa responsável pelo local. Para o organizador da Batalha do CH, Emerson Pereira, vulgo Gordito, 25, o maior desafio para o evento e para a cena do rap de improviso em Salvador ainda é a falta de suporte financeiro. “Pelos MCs que temos aqui é um cenário muito rico, que ainda tem muito que ser explorado, mas por falta de investimento ainda é algo muito fraco comparado a outros estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte”, conta.

Gordito ressalta que as redes sociais são um ponto importante para a Batalha do CH e o futuro da cena de Salvador. “Com essa capacidade que a gente tem de se organizar, de divulgar os vídeos na internet, em algum momento vamos ter uma visibilidade maior. O papel das redes é expor mais o nosso trabalho e nos permitir ter uma alcance maior, ainda não conseguimos monetizar, mas é uma ferramenta massa que vimos os MCs de São Paulo e do Rio usarem”, argumenta.

SALVADOR

Jovens de toda a cidade se reúnem na Estação da Lapa para batalha de rima.

Na foto: Jovens participam e acompanham batalhas de rima.

Foto: Uendel Galter/Ag. A TARDE.

Data: 29/10/25
SALVADOR Jovens de toda a cidade se reúnem na Estação da Lapa para batalha de rima. Na foto: Jovens participam e acompanham batalhas de rima. Foto: Uendel Galter/Ag. A TARDE. Data: 29/10/25 | Foto: Uendel Galter/Ag. A TARDE

Batalhas de rima

Para quem não conhece as batalhas de rima são confrontos de ideias entre os MCs acompanhados de música. Com métricas definidas de quantos versos cada um pode rimar, o vencedor é definido pelo público ou por jurados e a ideia é cativar com rimas inteligentes, criativas, engraçadas e/ou reflexivas. O público é parte importante do processo com os gritos de guerra que antecedem as batalhas e criam o clima do momento e também com os gritos e mãos pra cima para celebrar uma boa rima.

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