
“Nós que somos ouvintes já temos nossos espaços. Aqui é uma oportunidade para que as pessoas surdas mostrem suas potências”. É com essa fala que se inicia a programação desta sexta-feira (9), na Flipêlo, com a oficina de contação de histórias acessíveis em Libras.
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O espaço, voltado ao público infantil e realizado na sala James Amado, contou com a colaboração da empresa De Um Sinal, coordenada por Cíntia Santos. Convidado pela organização do evento, o projeto tem como objetivo garantir a inclusão do público surdo no festival.
Para Daiane Pina, curadora de acessibilidade, a meta é transformar os grupos com deficiência em protagonistas nos espaços culturais:
"A Flipêlo, desde 2018, vem ampliando a acessibilidade e a participação efetiva das pessoas com deficiência como protagonistas dentro da festa literária."
Queremos que as pessoas ocupem os museus, os teatros, os cafés, mas que eles também sejam protagonistas desses espaços
Daiane Pina
Então, hoje as oficinas estão sendo feitas por pessoas surdas. No Posso Ajudar, nós temos diversas pessoas trabalhando, em toda Flipêlo, com deficiência, porque a gente acredita que todas as pessoas cabem em todos os espaços, desde que tenha a acessibilidade”, afirmou.
Já Ticiano Martins, diretor executivo da Fundação Casa de Jorge Amado, reforça que acessibilidade e inclusão são deveres das instituições.
Ele mencionou reformas estruturais no espaço, como a instalação de elevador de acessibilidade, rampas de acesso e banheiro adaptado: "Promovemos reforma na sala James Amado, e outros espaços, para receber toda e qualquer pessoa sem distinção".

A oficina, que abordou a arte sob uma perspectiva visual, foi mediada por Elen Lisboa, pessoa surda de 11 anos que atua como atriz, poetisa e intérprete em Libras, junto com Elinilson Soares, professor e também ator.

"A gente está recebendo público quase de 35 pessoas, entre pais de alunos surdos, professores, professores da Universidade Federal da Bahia também. A oficina tem o objetivo de trazer a arte integrada, artes visuais, poesia, e a língua de sinais, circulando e se encontrando com outro idioma que é a língua portuguesa", destaca Cíntia Santos, coordenadora da De Um Sinal.
