Um oficial de Justiça do Ceará, identificado como João Ivan Sobrinho Dutra um vídeo em que aparece zombando de uma cerimônia de religião de matriz africana que ocorria no município de Cruz, na região norte do estado. O vídeo, publicado no último sábado (19), viralizou nas redes sociais.
“Faz o L, negrada. Já chegou aqui na Praia do Preá um terreiro de macumba mandado pelo SUS, viu? Olha aí, faz o L, tá chegando aí”, dispara o oficial atua como oficial de justiça na comarca da cidade de Bela Cruz, vizinha ao município de Cruz, destino turístico onde a cena foi gravada.
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Ivan fez referência à resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS), que recomendou ao Ministério da Saúde reconhecer terreiros e barracões de umbanda e candomblé como equipamentos que promovem práticas complementares de saúde. A recomendação fez com que opositores do governo Lula afirmem que o Sistema Único de Saúde (SUS) vai incluir umbanda e candomblé como formas de tratamento médico, porém, não é verdade.
Já o termo "faz o L" tem sido utilizado por apoiadores do presidente Luís Inácio Lula da Silva para destacar realizações positivas do governo, e por opositores do petista, para criticar as adversidades.
Oficial se pronuncia
Em um comentário no Instagram, Ivan afirmou que não teve intenção de cometer um ato de intolerância religiosa e que o vídeo era uma "brincadeira".
"Só fiz uma brincadeira com amigos totalmente sem maldade, sem falar que eu respeito todas as religiões, por favor não me interpretem mal", escreveu.
Em nota, o Tribunal de Justiça do Ceará (TJ-CE) afirmou que “repudia todo e qualquer ato de intolerância religiosa, preconceito ou discriminação que atentem contra a liberdade de crença ou livre exercício de cultos religiosos”, e continuou em seguida.
“O Código de Ética dos Servidores do Poder Judiciário do Estado do Ceará impõe, como dever expresso, o de manter neutralidade em face de influências religiosas, de modo a evitar que venham a afetar a imparcialidade de suas responsabilidades profissionais”. Por fim, o TJ afirmou que adotará providências de caráter disciplinar para apurar a conduta do servidor.
A Polícia Civil do Ceará (PC-CE) informou que apura "uma possível ocorrência de intolerância religiosa" e ressaltou que as vítimas devem realizar o Boletim de Ocorrência (BO) para auxiliar na investigação.