
A noite de núpcias ainda carrega o peso de ser um dos momentos mais simbólicos da vida de um casal. Entre flores, lençóis brancos e expectativas quase cinematográficas, muita gente ainda acredita que o sexo da noite do casamento deve ser mágico, perfeito, e, acima de tudo, simplesmente acontecer.
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Mas será que é mesmo assim? Quanto de frustrações as expectativas e idealizações sobre essa noite podem gerar? A psicóloga e sexóloga Sara Santon aponta que, talvez, toda essa ambição pela noite de núpcias como algo perfeito pode acabar atrapalhando mais do que ajudando.
“Para muitos casais, a noite de núpcias ainda é muito importante. É o momento da passagem simbólica para uma nova fase de intimidade. É o ‘fechamento’ do rito do casamento após o compromisso”, explica a sexóloga.
Mesmo para os casais que já moram juntos ou têm vida sexual ativa antes do casamento, a noite ainda pode marcar um recomeço. “Pode não ser a ‘primeira vez’, mas é a primeira como casal, com toda a carga simbólica envolvida”, reforça Sara.
Cuidado com as expectativas
A sexóloga alerta para um dos maiores inimigos da intimidade na noite de núpcias: a idealização. Segundo ela, principalmente entre as mulheres, a construção social em torno do “sexo perfeito” acaba gerando angústia, medo e frustração.“As mulheres crescem ouvindo que essa noite deve ser perfeita e inesquecível, o que gera uma pressão. A verdade é que nem sempre a realidade acompanha a fantasia”.
E os obstáculos são muitos: cansaço da festa, nervosismo, ansiedade e até estresse acumulado pelos preparativos do casamento. Por isso, ela garante que é absolutamente normal que o casal não transe na noite de núpcias. “A festa costuma ser longa e exaustiva, apesar da felicidade. Muitos casais acabam dormindo abraçados, e o sexo acontece no dia seguinte ou depois. Isso não diminui o valor do momento”, defende.

A sexóloga também alerta sobre a importância de não transformar a noite de núpcias em uma obrigação. “Precisamos levar as relações sexuais de forma humana, leve, tranquila e prazerosa”, afirma.“Sexo não é perfeito! É uma sinfonia de descobertas, fantasias e viagens. Foquem em estarem presentes um com o outro”.
Em vez de buscar um roteiro perfeito, encare a noite de núpcias como um momento de conexão. O que fica na memória não é a performance, mas o começo de uma nova fase a dois.
Conexão acima da performance
Para os casais que esperam o casamento para a primeira vez, a orientação é ir com calma e colocar o diálogo em primeiro lugar. Conversar sobre expectativas, crenças, desejos e até os medos é essencial.
“Lembrar que as preliminares se iniciam antes da cama! Ter paciência, carinho, cautela e cuidado. Informar-se sobre o próprio corpo, métodos contraceptivos e saúde sexual também é essencial”.

No fim das contas, Sara é categórica: o que importa mesmo na noite de núpcias não é a performance, mas a conexão. É essa conexão que sustentará o casal. “Performance não é o sexo real. Conexão é o que sustenta a relação ao longo dos anos. A noite de núpcias é só o começo de uma relação”, diz.
Diálogo, não um dever!
Se a noite não for como o esperado, a solução é acolher e conversar. Para Sara, a construção de uma relação saudável passa por ajustar expectativas e entender que o sexo, como a vida a dois, é feito de fases.
“Frustrações podem ser oportunidades para crescerem juntos e ajustarem expectativas, planos, sonhos e desejos”. Essa máxima, aliás, deve valer para todo o relacionamento, não apenas no dia do casamento!