
“Passar uma tarde em Itapuã, ao sol que arde em Itapuã”. O verso é da canção marcante de Toquinho. Apesar do relaxamento que o hit apresenta, ele traduz um lado obscuro da realidade: o número de afogamentos. Parece desconexo, mas, passar uma tarde na praia do bairro de Itapuã, em Salvador, tem sido, frequentemente, assustador.
O Portal MASSA! traz dados, dicas de prevenção e depoimentos alarmantes de membros do Corpo de Bombeiros e da Coordenadoria de Salvamento Marítimo (Salvamar). De modo geral, 90% do total dos óbitos por afogamento no Brasil ocorre em águas naturais - 75% em água doce e 15% em praias e mares. Os dados são da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (SOBRASA).
As vítimas, em grande parte, são crianças, sendo que o afogamento, no Brasil, é a primeira causa de morte atualmente. Somente nos mares, o 13 Batalhão Militar registrou entre janeiro e 17 de outubro, 205 ocorrências atendidas de afogamento, conforme apurado pelo Portal MASSA!.
“No mesmo período, o órgão realizou 16260 ações preventivas junto aos banhistas e outros frequentadores das praias. Foram feitos ainda 12 resgates de crianças perdidas, que foram devolvidas em segurança aos familiares e realizados 83 atendimentos pré-hospitalares”, mencionou o Capitão BM Joel Adriano, em entrevista à reportagem.
Vai descer? Se ligue nas dicas
Curtir sozinho, de casal ou em galera é outro sabor, depende do gosto de cada um, porém, as dicas são as mesmas para todos os casos. Independente da praia que você esteja, a prevenção deve seguir os seguintes critérios:
- Ficar próximo a um posto salva-vidas;
- Perguntar qual é o melhor local para banho;
- Ter atenção redobrada com crianças;
- Ficar longe de peras e estacas;
- Usar coletes em atividades aquáticas;
- Nunca nadar sozinho em águas profundas ou em locais com correnteza;
- Ficar em ambiente líquido com água acima do umbigo;
- Não consumir bebida alcoólica se estiver em praias, rios, piscinas ou lagos.
O detalhe é que, na capital baiana, ultimamente, localidades como Itapuã, Farol da Barra, Humaitá, entre outros, têm chamado a atenção de organizações como a Salvamar.
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Pegue a visão das bandeiras
Chegou na praia, no rio, ou seja, lá em qual local de banho, se atente a uma coisa: a sinalização das bandeiras. Elas orientam os banhistas do local seguro ou perigoso. A bandeira verde indica baixo risco de afogamento, a amarela significa médio risco e a vermelha, obviamente, o alto risco.
Ainda tem a bandeira roxa, segundo o salva-vidas Jou Alexandre, chefe do Setor de Prevenção e Treinamento (SETRE-SALVAMAR), a qual indica a presença de animais marinhos, como tubarões, por exemplo.
"Não pode confundi-las com sinalização de trânsito"
Jou Alexandre
"Não pode confundi-las com sinalização de trânsito. A bandeira verde, por exemplo, tem um baixo risco de afogamento, mas a pessoa não está liberada a avançar, a ficar livre para ir para onde quiser. Ali naquele local tem um baixo risco de afogamento, necessidade que o banhista obedeça às orientações do salva-vidas para ficar em um local seguro”, cravou ao Portal MASSA!.
Já segundo o Corpo de Bombeiros, a banheira verde impõe que o mar está indicado para o banho, enquanto a amarela clama por atenção redobrada e a vermelha nada de entrar na água.
Bonde em alta
A Salvamar conta, atualmente, com mais de 250 profissionais, entre os setores de administração e operacional. O grupo cobre 28 km de praia, desde Jardim de Alah à Praia de Ipitanga, além dos bondes presentes na Ilha de Maré, dos Frades, entre outros locais.
Atuantes entre 8h e 18h diariamente, o trabalho dos salva-vidas é ainda mais barril dobrado durante festas populares. “No esquema de operação especial, quantos somos acionados, por exemplo, para o Carnaval, Réveillon, ficamos em esquema de 24 horas de plantão”, garante Jou.
Os bombeiros, por exemplo, atuam na praia das 6h até o pôr do sol, mas, quando o “sol põe a visibilidade o trabalho dos guarda-vidas, porém, o quartel funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana. Durante a noite a tropa pode atender ocorrências de grande proporção”, como indica o bombeiro Joel Adriano.
Pegue a visão:

Parceria com o Graer
Seja a base de apitos, boias, motos aquáticas ou viaturas, drones, pranchas ou binóculos, tanto a Salvamar quanto o Corpo de Bombeiros também contam com uma parceria de peso: o Grupamento Aéreo da Polícia Militar (Graer).
Acionamos o Graer para situações em que a vítima está muito agitada ou quando, durante as buscas, o mar fica mais agitado e revolto
Joel Adriano
“Acionamos o Graer para situações em que a vítima está muito agitada ou quando, durante as buscas, o mar fica mais agitado e revolto, impossibilitando que o guarda-vidas retorne para a faixa de areia com a vítima”, relatou Joel Adriano, em entrevista à reportagem.
Jou Alexandre também ressaltou o trabalho de outras frentes como o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência.
“O SAMU é que vai fazer a regulação diretamente para o hospital, após o nosso primeiro atendimento ali, dando aquele suporte, acionando o serviço médico para que ele chegue ao local e assim a gente dá continuidade ao atendimento pré-hospitalar, e o médico junto com sua equipe e o SAMU regula para o hospital necessário”, declarou.