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Virou moda - 10/05/2025, 07:30 - Amanda Souza - Atualizado em 10/05/2025, 09:56

Maternidade de bebê reborn: brincadeira vira tendência entre mulheres

Bonecas hiper-realistas viraram febre entre adultos

Rosana Mascarenhas produz bonecas
Rosana Mascarenhas produz bonecas |  Foto: Uendel Galter/Ag. A Tarde

Em tempos de redes sociais, mães de todos os tipos encontram jeitos diferentes de demonstrar afeto. E não é só com filhos de carne e osso! Os bebês reborn, bonecas hiper-realistas, estão emocionando, viralizando e dividindo opiniões.

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Mulheres adultas que dão banho, colocam para dormir, passeiam com as bonecas no colo e até montam enxovais, têm chamado a atenção do público online. Apesar de ser um brinquedo, muita gente não trata como brincadeira.

Rosana Mascarenhas é artista reborn há 13 anos. Ela, que é apaixonada por bonecas, se tornou também uma colecionadora e, por isso, reconhece o valor da peça. Ela destaca que se trata apenas de um brinquedo, mas que isso não diminui o encanto pelo bebê.

Imagem ilustrativa da imagem Maternidade de bebê reborn: brincadeira vira tendência entre mulheres
Foto: Uendel Galter/Ag. A Tarde

“Tem cliente que treme, chora... muitas vezes, a história daquele bebê é uma perda, uma lembrança ou um amor que não pôde ser vivido de outra forma”, conta. “Mas é só um brinquedo, e a maioria delas tem plena consciência disso”, conclui a artista.

Rosana não vê nada de errado com mulheres adultas que assumem esse cuidado de forma lúdica. “Não é só coisa de criança, não. Eu acho muito bonito, e comecei nesse universo sendo uma consumidora”, contou. “Entendo quem não gosta, mas a polêmica que criaram em cima disso é apenas para criar vídeos e viralizar”, disse.

Rosana vende as bonecas que fabrica e garante que a maioria das pessoas compra para crianças mesmo, e os adultos que compram são colecionadores. “Já teve época de colecionar papel de carta, tem gente que coleciona aqueles bonecos Funko Pop... qual o problema disso?”, disse.

A artista reforça que esses vídeos têm a intenção apenas de provocar o julgamento online. “Os bonecos não comem, não choram, não fazem xixi... ninguém que tem uma vida pra gerir vai ficar cuidando de boneco! É apenas um brinquedo, mas que exige maiores cuidados por ser uma arte”, destacou. “Algumas mulheres buscam, sim, a referência de seus filhos nos bebês reborn, mas jamais vai substituí-los”.

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Foto: Uendel Galter/Ag. A Tarde

Obra de arte

Mais que polêmica e brinquedo, o bebê reborn é uma verdadeira arte. Rosana conta que é um trabalho totalmente manual, feito com muita delicadeza e material de altíssima qualidade para garantir a perfeição. “Realmente é impressionante. É um trabalho delicado, que levo cerca de um mês para finalizar e garantir excelência”, disse.

“Esse trabalho tem um custo alto também, e minhas bonecas custam a partir de R$ 1.500”, esclarece a artista. Toda pintura é feita à mão, o cabelo é implantado fio a fio; a boneca vai embalada em uma caixa e acompanha enxoval com fralda, mamadeira, chupeta, naninha, roupinha... é um bebê completo. “E é uma arte linda, terapêutico para quem produz e para quem leva pra casa. Não tem polêmica alguma nisso, é apenas um hobby, apenas um brinquedo especial”, diz.

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Foto: Uendel Galter/Ag. A Tarde

O que diz a psicologia

A psicóloga Niliane Brito explica que, em algumas situações, o vínculo com os reborns pode ter significados profundos, principalmente para mulheres que vivem experiências de perda, solidão ou um desejo não realizado de ser mãe.

“Essas bonecas funcionam como objetos simbólicos de afeto, e o cuidado que essas mulheres oferecem ao boneco é real, mesmo que o bebê não seja”, afirma.

Segundo Nili, o apego não é necessariamente patológico. “As redes sociais amplificam tudo. Muita gente critica sem entender. Mas se essa brincadeira não está substituindo relações reais e se a mulher está bem, isso pode ser apenas uma forma sensível de elaborar algo interno”, explica.

Como destaca a psicóloga, a maternidade (ou não maternidade) é complexa, e está imposta à vida da mulher desde muito cedo. Por isso é importante entender o contexto da formação desse vínculo e, caso necessário, acolher essa mulher sem julgá-la.

Psicóloga Nili Barreto
Psicóloga Nili Barreto | Foto: Uendel Galter/Ag. A Tarde

“Brincar com um bebê reborn pode funcionar até mesmo como uma regulação emocional, tratando de sentimentos e desejos reprimidos da infância. Mas também pode ser apenas alguém que quer brincar com a boneca. Não há nada de errado!”, disse.

“Mas o alerta deve ficar aceso se essa mulher não controlar a linha tênue entre o real e o simbólico. Se essa ‘brincadeira’ afastá-la das relações humanas e ela não conseguir identificar o que é real e o que não é”, esclarece.

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